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Fernando Collor é preso em Maceió após decisão de Alexandre de Moraes

O ex-presidente foi conduzido à Superintendência da PF na capital alagoana, onde passou por exames médicos e foi encaminhado para local de custódia.

O ex-presidente da República Fernando Collor de Mello foi preso na madrugada desta sexta-feira, 25 de abril, em Maceió (AL), por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). A ordem de prisão tem como base a condenação imposta pela Corte em 2023, relacionada a um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro envolvendo a BR Distribuidora, atual Vibra Energia.

A detenção de Collor ocorreu após o ministro Moraes rejeitar um novo recurso apresentado pela defesa do político. A decisão, de caráter imediato, foi tomada na quinta-feira (24) e executada horas depois pela Polícia Federal.

O julgamento da legalidade da prisão será apreciado em sessão virtual do STF, com início às 11h desta sexta-feira e encerramento previsto para 23h59. Os 11 ministros da Corte devem votar se mantêm ou revogam a decisão de Moraes.

Acusações e condenação

A denúncia contra Fernando Collor remonta a 2015, quando a Procuradoria-Geral da República (PGR) formalizou a acusação no âmbito da Operação Lava Jato. Segundo o Ministério Público, entre 2010 e 2014, quando exercia mandato de senador por Alagoas e presidia o partido PTB, Collor recebeu R$ 20 milhões em propinas para intermediar interesses privados dentro da BR Distribuidora, então subsidiária da Petrobras.

O esquema envolvia contratos entre a BR Distribuidora e a empresa UTC Engenharia, voltados à construção de bases de distribuição de combustíveis. De acordo com a acusação, os valores pagos a Collor visavam garantir a indicação e manutenção de diretores da estatal, com o objetivo de favorecer a assinatura dos contratos.

A condenação, proferida pelo STF em 2023, estipulou uma pena de 8 anos e 11 meses de prisão, além de indenização à União no valor de R$ 20 milhões. Collor também foi sentenciado a pagar multa penal e ficou proibido de exercer cargos públicos por um período de 17 anos e 8 meses, o dobro da pena privativa de liberdade imposta.

Quem são os envolvidos no esquema

Segundo o acórdão condenatório, Fernando Collor não atuou sozinho. Ele teria contado com o apoio dos empresários Pedro Paulo Bergamaschi de Leoni Ramos e Luis Pereira Duarte de Amorim, também investigados e condenados pelo STF. Pedro Paulo recebeu pena de 4 anos e 1 mês em regime semiaberto, enquanto Luis Pereira teve sua punição convertida em penas restritivas de direitos, sem cumprimento de reclusão.

A origem das investigações está na delação premiada de Ricardo Pessoa, então presidente da UTC Engenharia. Os depoimentos fornecidos por Pessoa à Lava Jato foram fundamentais para que a PGR formalizasse a denúncia junto ao Supremo.

O ministro Alexandre de Moraes foi responsável pelo julgamento da admissibilidade do recurso mais recente de Collor. No despacho, ele afirmou que a defesa não apresentou novos elementos capazes de alterar o mérito da decisão anterior, e que a execução da pena era “imediata e necessária para garantir a eficácia da decisão condenatória“.

Trajetória política de Fernando Collor

Fernando Collor foi o 32º presidente da República Federativa do Brasil, eleito em 1989, no primeiro pleito presidencial após a ditadura militar. Seu mandato começou em 1990 e foi interrompido em 1992, quando renunciou ao cargo em meio a um processo de impeachment aprovado pelo Senado. Na ocasião, as denúncias envolviam corrupção e irregularidades em contratos públicos, embora os escândalos daquela época sejam distintos do caso atual.

Após deixar a Presidência, Collor teve os direitos políticos suspensos por oito anos, mas voltou à cena política em 2006, elegendo-se senador por Alagoas. Foi reeleito em 2014 e exerceu o mandato até o fim de 2022. Durante esse período, consolidou-se como figura atuante em comissões do Senado e manteve influência sobre estruturas partidárias regionais.

Com o fim do mandato em 2023 e a rejeição dos recursos no STF, Collor deixou de contar com foro privilegiado, o que facilitou a execução da pena determinada.

Decisões judiciais anteriores

A decisão de prisão imediata de Alexandre de Moraes foi fundamentada na rejeição de um segundo recurso apresentado pela defesa do ex-presidente. No ano passado, o STF já havia rejeitado a primeira tentativa de reverter a condenação. Ainda que a sentença tenha sido proferida em 2023, Collor não foi preso anteriormente devido à possibilidade de interposição de recursos.

A nova negativa esgota os meios legais de reversão da decisão, e a prisão foi considerada inevitável. O ministro argumentou que, mesmo após quase um ano desde a condenação, a pena ainda não havia sido executada, o que justificaria a determinação de urgência.

Segundo o despacho de Moraes, “a jurisprudência da Corte já firmou entendimento de que, após o esgotamento das vias recursais ordinárias, é possível iniciar o cumprimento da pena”. A defesa ainda poderá apresentar recursos extraordinários ou pedidos de habeas corpus, mas a eficácia da sentença já está sendo cumprida.

Prisão em Maceió e desdobramentos

A prisão de Collor aconteceu em sua residência, em Maceió. Agentes da Polícia Federal cumpriram a ordem judicial durante a madrugada, sem registro de incidentes. O ex-presidente foi conduzido à Superintendência da PF na capital alagoana, onde passou por exames médicos e foi encaminhado para local de custódia.

O STF ainda deve avaliar se manterá a prisão. A sessão virtual aberta nesta sexta-feira é crucial, pois, embora Alexandre de Moraes tenha tomado a decisão monocraticamente, cabe ao plenário da Corte validar ou derrubar a ordem. A tendência, no entanto, é de manutenção da prisão, dada a jurisprudência consolidada e a ausência de elementos novos por parte da defesa.

Consequências da condenação

Além do cumprimento da pena e da indenização à União, Collor fica impedido de ocupar qualquer função pública pelos próximos 17 anos e 8 meses. Isso inclui cargos eletivos, comissionados ou concursados em todas as esferas do poder público – federal, estadual e municipal.

A sentença também tem efeitos sobre seus direitos políticos, que permanecem suspensos até o término da pena. A defesa ainda não se manifestou oficialmente sobre os próximos passos, mas fontes próximas ao ex-presidente indicam que recursos extraordinários devem ser impetrados.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: rafael@oportaln10.com.br

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