O pregão desta quinta-feira (16) foi marcado por uma forte queda do Ibovespa, que voltou para a casa dos 121 mil pontos, após um dia de ganhos expressivos. A venda de um grande bloco de ações da Vale pela Cosan, juntamente com a mudança nas expectativas para as taxas de juros, derrubou o principal índice da bolsa brasileira.
A Cosan decidiu zerar sua posição na Vale, colocando 173,4 milhões de ações à venda. O leilão dessas ações, que representavam pouco mais de 4% do capital social da mineradora, foi concluído a R$ 52,29 cada, um valor 0,6% inferior ao fechamento do dia anterior. Essa movimentação gerou um fluxo vendedor que impactou negativamente o mercado, apesar da ação da Vale ter encerrado o dia com pequena variação.
Impacto no Ibovespa
O Ibovespa, que havia alcançado sua maior alta diária em quase dois anos na sessão anterior, recuou 1,15%, retornando aos 121 mil pontos. Com a queda, a alta acumulada do índice em 2025 foi reduzida para 0,8%. O volume financeiro negociado com ações da Vale atingiu R$ 11,5 bilhões, um aumento de 530% em relação ao dia anterior, enquanto o giro total do Ibovespa foi de R$ 24,6 bilhões, o maior em quase um mês.
A decisão da Cosan de se desfazer da sua participação na Vale, justificada pela necessidade de reduzir seu endividamento, gerou apreensão entre os investidores. Esse movimento, aliado a outros fatores, fez com que 76 das 87 ações que compõem o Ibovespa registrassem queda nesta sessão.
Apesar do cenário geral de perdas, algumas empresas conseguiram se destacar. A Cosan, por exemplo, viu suas ações subirem com a perspectiva de reduzir sua dívida em R$ 9 bilhões. A Embraer também liderou os ganhos, impulsionada por novos pedidos, e a Azul, após o anúncio de um memorando de entendimento para uma possível fusão com a Gol, também apresentou alta.
Reviravolta nos Juros
Além da venda de ações da Vale, a mudança no cenário para as taxas de juros contribuiu para a queda do Ibovespa. Após um dia de otimismo, indicadores econômicos e sinais do mercado reverteram as expectativas. O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) indicou uma expansão da economia brasileira em novembro, contrariando previsões de retração. O leilão de títulos prefixados do Tesouro Nacional também pressionou as negociações dos juros futuros, com a Taxa de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 saindo de 14,83% para 14,91% ao ano.
Nos Estados Unidos, dados positivos de vendas no varejo em dezembro diminuíram as expectativas de um novo corte nos juros pelo banco central americano. O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, sinalizou que o país pretende adotar uma política tarifária mais rígida e reafirmou o compromisso com o dólar como principal moeda de reserva mundial, conforme apontado por André Galhardo, consultor econômico da Remessa Online. Essa mudança de postura fez o dólar comercial subir 0,48%, atingindo R$ 6,05.
Com a elevação das taxas de juros no exterior, a Selic, taxa básica de juros do Brasil, tem um motivo a menos para cair (ou mais um para subir), pois a rentabilidade da renda fixa brasileira precisa se manter atrativa em comparação aos títulos públicos americanos. Investidores também aproveitaram o momento para realizar lucros conquistados no dia anterior.
Anderson Silva, da GT Capital, ressaltou que o mercado permanece em tendência de baixa e que altas isoladas não alteram essa tendência, alertando para que não se interpretem movimentos do mercado como mudanças fundamentadas nas empresas, dada a atual crise de credibilidade do governo.
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