Copom avalia possível elevação da Selic em meio a pressões inflacionárias

Copom avalia possível elevação da Selic em meio a pressões inflacionárias
Marcello Casal JrAgência Brasil

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil se reúne nesta quarta-feira, 7 de maio de 2025, para definir o futuro da taxa básica de juros, a Selic. A decisão ocorre em um cenário de persistente pressão inflacionária, impulsionada principalmente pelos custos de alimentos e energia. Essa pressão nos custos dos alimentos, como reportado pela Conab Aponta Queda nos Preços da Batata e Alface em Março, Enquanto Tomate e Cebola Sobem, é um fator crucial.

Apesar das preocupações com a inflação, analistas de mercado apontam para uma possível desaceleração da economia global, o que pode levar o Copom a considerar esta como a última alta da Selic antes de uma eventual pausa no ciclo de aperto monetário.

Caso a elevação seja confirmada, esta será a sexta alta consecutiva da Selic. A projeção mais recente do Boletim Focus: mercado financeiro projeta Selic em 14,75% ao ano no fim de 2025, que reúne estimativas de diversas instituições financeiras, indica que a taxa básica deve aumentar 0,5 ponto percentual, passando de 14,25% para 14,75% ao ano.

Em seu comunicado de março, o Copom já havia sinalizado uma elevação de juros de “menor magnitude” para a reunião de maio, após três aumentos consecutivos de 1 ponto percentual. Na ocasião, o comitê ressaltou que a economia brasileira permanecia aquecida, mas que também existiam incertezas no cenário internacional, em grande parte devido às políticas comerciais dos Estados Unidos.

A decisão do Copom será divulgada no final do dia. A trajetória recente da Selic mostra que, após atingir 10,5% ao ano entre junho e agosto do ano passado, a taxa começou a ser elevada em setembro, com um aumento de 0,25 ponto percentual, seguido por um de 0,5 ponto e três de 1 ponto percentual.

Na ata de sua última reunião, o Copom expressou cautela em relação a uma possível desaceleração da economia e destacou que a “desancoragem” das expectativas de inflação exige a manutenção de juros elevados por um período mais prolongado. O Banco Central reconhece sinais de moderação no crescimento econômico, mas alerta que o cenário inflacionário de curto prazo continua desafiador.

O boletim Focus mais recente aponta para uma estimativa de 5,53% para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) em 2025, o indicador oficial da inflação no país. Esse valor está acima do teto da meta contínua estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3% para este ano, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual, podendo chegar a 4,5%. Vale lembrar que a Inflação desacelera em abril, mas alimentos e saúde pressionam o IPCA-15, mostrando uma dinâmica complexa.

A Selic é utilizada nas negociações de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional no Sistema Especial de Liquidação e Custódia e serve como referência para as demais taxas de juros da economia. É o principal instrumento do Banco Central para controlar a inflação. O BC atua diariamente no mercado aberto, comprando e vendendo títulos públicos federais para manter a taxa de juros próxima ao valor definido nas reuniões do Copom.

A elevação da Selic tem como objetivo conter o excesso de demanda, o que impacta os preços, pois juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. No entanto, taxas mais elevadas também podem dificultar o crescimento econômico. Além da Selic, os bancos consideram outros fatores ao definir os juros cobrados dos consumidores, como o risco de inadimplência, custos operacionais e margem de lucro. Observe que os Juros do cartão de crédito rotativo atingem 445% ao ano, aponta Banco Central, ilustrando o impacto para o consumidor.

A redução da Selic, por outro lado, tende a baratear o crédito, estimulando a produção e o consumo, mas também reduzindo o controle da inflação e impulsionando a atividade econômica.

As reuniões do Copom ocorrem a cada 45 dias. No primeiro dia, são apresentados dados técnicos sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial, bem como o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, composto pela diretoria do BC, analisam as informações e definem a Selic.

Meta Contínua de Inflação

O novo sistema de meta contínua de inflação, em vigor a partir deste mês, estabelece que a meta a ser perseguida pelo BC, definida pelo Conselho Monetário Nacional, é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Isso significa que o limite inferior é de 1,5% e o superior, de 4,5%.

Nesse modelo, a meta passa a ser apurada mensalmente, considerando a inflação acumulada em 12 meses. Em maio de 2025, a inflação desde junho de 2024 é comparada com a meta e sua margem de tolerância. Em junho, o procedimento se repete, com apuração a partir de julho de 2024. Dessa forma, a verificação se desloca ao longo do tempo, não se restringindo mais ao índice fechado de dezembro de cada ano.

No último Relatório de Inflação, divulgado pelo Banco Central, a autoridade monetária manteve a previsão de que o IPCA termine 2025 em 5,1%, mas a estimativa pode ser revisada, dependendo do comportamento do dólar e da própria inflação. O próximo relatório será divulgado no final de junho. A situação é influenciada por fatores como o câmbio, como demonstrado em Dólar volta a subir e Ibovespa recua com temores sobre juros e produção de petróleo.

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