O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa Selic para 14,75% ao ano, o maior nível em 19 anos. A decisão, que visa controlar a inflação, gerou críticas de entidades do setor produtivo e centrais sindicais.
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) expressou, em nota, que o aumento de 0,5 ponto percentual na Selic impõe um fardo ainda mais pesado à economia. Ricardo Alban, presidente da CNI, alertou que a inflação está desacelerando e que a possibilidade de recessão nos Estados Unidos pode reduzir o valor do dólar nos próximos meses. Para a CNI, o momento exige uma postura mais prudente do Copom.
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A Associação Paulista de Supermercados também se manifestou contrária à decisão, argumentando que o Brasil, ao manter a Selic em patamares elevados, favorece a especulação em detrimento da geração de empregos e do crescimento econômico de médio e longo prazo.
A Associação Comercial de São Paulo (ACSP), por outro lado, considerou a elevação dentro do esperado, ressaltando que a inflação permanece alta e acima do teto da meta atual. Ulisses Ruiz de Gamboa, economista-chefe da ACSP, justificou a política monetária contracionista com a aceleração da inflação corrente e as expectativas inflacionárias ainda desancoradas. O Boletim Focus já apontava para essa direção.
Reações das centrais sindicais
A Central Única dos Trabalhadores (CUT) criticou a elevação dos juros, afirmando que ela reforça o aperto econômico sobre a população. Juvandia Moreira, vice-presidenta da CUT, cobrou que a política monetária seja voltada para os interesses da população e não apenas do mercado financeiro.
A Força Sindical classificou a decisão como “irresponsabilidade social”, alegando que ela trava a economia e aumenta o custo do dinheiro para famílias e empresas. Miguel Torres, presidente da Força Sindical, enfatizou que a taxa já estava em um valor extorsivo e que a medida pode levar o país à recessão econômica.
Justificativas do Copom
O Copom justificou a elevação da Selic com base em um cenário de elevada incerteza, influenciado pela política econômica nos Estados Unidos e por tensões geopolíticas. O comitê também mencionou a incipiente moderação no crescimento da economia brasileira e as expectativas de inflação para 2025 e 2026, que permanecem acima da meta.
No comunicado, o Copom indicou que se manterá vigilante e que a calibragem do aperto monetário seguirá guiada pelo objetivo de trazer a inflação à meta no horizonte relevante. O comitê também ressaltou que os riscos para a inflação, tanto de alta quanto de baixa, estão mais elevados do que o usual.