Boletim Focus: mercado financeiro projeta Selic em 14,75% ao ano no fim de 2025

Boletim Focus: mercado financeiro projeta Selic em 14,75% ao ano no fim de 2025
Tânia Rêgo/Agência Brasil/Arquivo

Instituições financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) preveem que a taxa básica de juros, a Selic, alcance 14,75% ao ano na reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), agendada para esta terça (6) e quarta-feira (7). A expectativa do mercado é que esta seja a última elevação da Selic em 2025.

A estimativa consta no Boletim Focus desta segunda-feira (5), pesquisa divulgada semanalmente pelo BC com os principais indicadores econômicos. Em sua última reunião, em março, o Copom elevou a taxa pela quinta vez consecutiva, fixando-a em 14,25% ao ano.

A alta, caso confirmada, consolida um ciclo de contração na política monetária. Após se manter em 10,5% ao ano de junho a agosto de 2024, a taxa Selic começou a ser elevada em setembro do mesmo ano, com ajustes de 0,25 ponto percentual, um de 0,5 ponto percentual e três de 1 ponto percentual. Agora, o mercado antecipa um aumento de 0,5 ponto percentual.

O mercado financeiro projeta que a Selic encerre 2025 em 14,75% ao ano. Para o fim de 2026, a estimativa é de que a taxa básica recue para 12,5% ao ano. As previsões para 2027 e 2028 apontam para novas reduções, atingindo 10,5% ao ano e 10% ao ano, respectivamente.

A taxa básica é o principal instrumento do BC para atingir a meta de inflação. Em comunicado, o Copom informou que a economia brasileira permanece aquecida, apesar de sinais de moderação na expansão. Segundo o BC, a inflação e os núcleos (medida que exclui preços mais voláteis como alimentos e energia) continuam em alta.

O órgão alertou para o risco de a inflação de serviços permanecer elevada e informou que continuará monitorando a política econômica do governo. Na reunião de março, o Copom sinalizou que elevará a taxa Selic “em menor magnitude” nesta semana, sem indicar os próximos passos.

Inflação

O aumento da taxa básica de juros visa conter a demanda, impactando os preços, pois juros mais altos encarecem o crédito e incentivam a poupança. No entanto, além da Selic, os bancos consideram outros fatores ao definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de inadimplência, lucro e despesas administrativas. Taxas mais altas podem dificultar a expansão econômica. Um exemplo disso são os juros do cartão de crédito rotativo que atingem patamares altíssimos.

Quando a taxa Selic é reduzida, o crédito tende a ficar mais acessível, incentivando a produção e o consumo, o que pode reduzir o controle sobre a inflação e estimular a atividade econômica. No entanto, dados recentes mostram que a inflação desacelerou em abril, apesar da pressão nos preços de alimentos e saúde.

Nesta edição do Focus, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – a inflação oficial do país – diminuiu de 5,55% para 5,53% para este ano. Para 2026, a projeção da inflação foi mantida em 4,51%. Para 2027 e 2028, as previsões são de 4% e 3,8%, respectivamente.

A estimativa para 2025 permanece acima do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo (limite inferior de 1,5% e superior de 4,5%).

Em março, a inflação ficou em 0,56%, pressionada principalmente pelos preços dos alimentos, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Apesar dessa pressão, o IPCA apresentou desaceleração em relação a fevereiro, quando registrou 1,31%. No acumulado de 12 meses, a inflação atinge 5,48%.

PIB e câmbio

A projeção das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira em 2025 permanece em 2%. Para 2026, a expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) também se mantém em 1,7%. Para 2027 e 2028, o mercado financeiro estima expansão do PIB em 2% para ambos os anos. Apesar disso, a CNI revisou para baixo a projeção de crescimento do PIB para 2025, estimando uma alta de 2,3%.

A previsão para a cotação do dólar é de R$ 5,86 para o fim deste ano. Para o fim de 2026, estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,91. Recentemente, o dólar registrou a sétima queda consecutiva e fechou a R$ 5,64.

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