O preço do café moído no Brasil disparou, registrando um aumento de 80,2% nos últimos 12 meses, de acordo com o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), divulgado pelo IBGE. Este é o maior aumento anual desde a introdução do real, superando até mesmo o índice de maio de 1995, que contabilizou 85,5%.
Apesar de uma leve desaceleração em abril, com um aumento de 4,48%, a tendência de alta persiste. Em março, a inflação do café foi de 8,14%, e em fevereiro, atingiu o pico de 10,77%, o maior em 26 anos.
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A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) já havia previsto a continuidade da escalada de preços, justificando que a indústria ainda não havia repassado integralmente os custos de aquisição do grão.
Fatores que impulsionaram a alta
Especialistas apontam diversos fatores que impactaram a produção e, consequentemente, elevaram os preços:
- Calor e seca: As condições climáticas adversas causaram estresse nas plantas, levando à perda de frutos e afetando a produção. Geadas e ondas de calor recorrentes nos últimos quatro anos agravaram a situação.
- Queda na oferta global: Problemas climáticos em países produtores como o Vietnã também contribuíram para a redução da oferta mundial.
- Aumento dos custos de logística: As tensões geopolíticas no Oriente Médio impactaram o transporte marítimo, elevando os custos de envio e dos contêineres.
- Aumento do consumo: O crescente consumo de café no Brasil e no mundo pressiona a oferta interna, influenciando os preços. A China, por exemplo, emergiu como um importante mercado para o café brasileiro.
Marcelo Cunha, professor e consultor de Negócios da Faculdade UNA, projeta que os preços do café devem se manter elevados até 2026, devido à oferta limitada e à demanda constante. Segundo ele, a produção brasileira em 2024 foi prejudicada por eventos climáticos adversos, como a seca e a geada de 2023, que reduziram os estoques e pressionaram os preços ao consumidor. É importante notar que a safra de café no Brasil deve alcançar 55,7 milhões de sacas em 2025, aponta Conab, o que pode trazer algum alívio aos preços no futuro.
Em contrapartida, alguns alimentos registraram queda nos preços em abril, como arroz (-4,19%), feijão-preto (-5,45%), óleo de soja (-0,97%) e açúcar refinado (-0,29%). No acumulado dos últimos 12 meses, destacam-se as quedas da cebola (-44,45%), cenoura (-36,92%) e feijão preto (-25,77%). Essa dinâmica de preços diversos reflete o cenário econômico complexo, onde, por exemplo, a cesta básica tem alta de preços em 15 capitais brasileiras em abril, aponta Dieese.
Apesar da desaceleração da inflação em abril, o IPCA acumulado nos últimos 12 meses subiu de 5,48% em março para 5,53% em abril, permanecendo acima do teto da meta estabelecida pelo Banco Central para 2025, que é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.