Lula busca parceria com a Rússia para impulsionar exploração de minerais estratégicos no Brasil

Lula busca parceria com a Rússia para impulsionar exploração de minerais estratégicos no Brasil
Ricardo Stuckert / PR

Em busca de fortalecer a economia brasileira e impulsionar a transição energética, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou o desejo de estabelecer uma parceria com a Rússia para ampliar a pesquisa e exploração de minerais críticos no Brasil. A declaração foi feita neste sábado, 10 de maio, após cumprir agenda em Moscou. Essa iniciativa se alinha com o que o BNDES e Finep estão buscando, com 124 propostas para investimentos em minerais estratégicos.

Segundo Lula, o Brasil não pode desperdiçar oportunidades na área de transição energética. Minerais como lítio, cobalto, níquel, grafite e outros elementos de terras raras são considerados essenciais para setores estratégicos como tecnologia, defesa e, principalmente, a transição para fontes de energia mais limpas. O Ministério de Minas e Energia, conforme o presidente, já está em diálogo com empresas russas para viabilizar essa colaboração.

Nós temos a ideia de aumentar nossas pesquisas e exploração dos minerais críticos porque só se fala nisso agora e nós achamos que o Brasil não pode jogar fora nenhuma oportunidade“, afirmou Lula em coletiva de imprensa antes de deixar a capital russa.

O presidente destacou o potencial inexplorado do território brasileiro: “Apenas 30% do nosso território já foi pesquisado e ainda falta muita coisa para pesquisar e nós queremos construir parceria com todos os países do mundo que têm expertise, para que a gente possa tirar proveito para que o Brasil se transforme numa grande economia“, acrescentou.

Lula recordou que a Rússia é um parceiro estratégico em setores como óleo, gás e no desenvolvimento de pequenos reatores nucleares. Ele descreveu essa tecnologia como “uma novidade extraordinária para que a gente possa ter energia garantida para todo o sempre“.

O presidente destacou a importância de garantir o fornecimento de energia para sustentar o crescimento econômico do país. “Nós sabemos da volatilidade da energia nuclear e solar, nem sempre elas produzem a mesma quantidade. E nós precisamos ter num país que quer ser a sétima, a sexta, a quinta economia do mundo, nós precisamos ter muita energia e garantia de que nunca vai faltar energia“, disse, mencionando a integração quase completa do sistema brasileiro de distribuição energética.

A visita de Lula à Rússia coincidiu com as comemorações do 80º aniversário da vitória da União Soviética sobre a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial, um feriado de grande importância no país. Além disso, o presidente brasileiro manteve encontros com o presidente russo, Vladimir Putin, visando equilibrar a balança comercial entre as duas nações.

Nós temos um déficit comercial. Nesse fluxo de praticamente US$ 12 bilhões, nós temos quase US$ 11 bilhões de déficit comercial“, pontuou Lula. Atualmente, o Brasil importa da Rússia fertilizantes e óleo diesel, enquanto exporta principalmente produtos do agronegócio, como soja, carne bovina, café não torrado, carne de aves, miudezas e tabaco.

Durante a visita, foram assinados dois acordos: um sobre cooperação em ciência, tecnologia e inovação, e outro para fortalecer a colaboração no campo da pesquisa científica básica e aplicada.

Antes da chegada de Lula, a primeira-dama Janja Lula da Silva liderou uma comitiva brasileira para promover a Aliança Global Contra a Fome e a Pobreza e discutir a cooperação em educação e cultura. Janja também visitou a Universidade Estatal de São Petersburgo a convite do governo russo.

Lula anunciou que receberá o título de doutor honoris causa da instituição. “Uma universidade em que estudou [Vladimir] Lenin [grande nome do socialismo russo] e uma universidade em que estudou [o presidente] Putin. E eu vou ser doutor *honoris causa*“, celebrou.

Após a agenda em Moscou, Lula seguiu para Pequim, na China, para participar da cúpula entre o país asiático e os membros da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). Uma visita de Estado também está prevista, com a expectativa de assinatura de pelo menos 16 acordos bilaterais. A viagem de Lula à Rússia e China é parte de uma série de encontros bilaterais.

Questionado sobre a posse do papa Leão XIV, agendada para 18 de maio, Lula informou que será representado pelo vice-presidente Geraldo Alckmin, devido à preparação para uma visita de Estado à França no início de junho. Durante a estadia no país europeu, o presidente brasileiro participará da Conferência dos Oceanos das Nações Unidas, nos dias 8 e 9 de junho, em Nice.

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