O Censo Escolar 2024 revelou um aumento significativo na oferta de ensino em tempo integral no Rio Grande do Norte. O estado superou a média nacional, expandindo consideravelmente as matrículas nessa modalidade entre 2022 e 2024.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, o Rio Grande do Norte registrou um aumento de 6,2 pontos percentuais, passando de 7,3% para 13,5% das matrículas em tempo integral. No ensino médio, o crescimento foi de 4,3 pontos, saltando de 14% para 18,3%. Em comparação, a média nacional na educação básica evoluiu de 18,2% para 22,9%.
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A Secretaria de Estado da Educação e da Cultura (SEEC) informou que o número de estudantes matriculados em tempo integral no estado saltou de 10.589 em 2019 para 34.682 em 2025, representando um aumento de 227,5%. A secretaria atribui esse crescimento à priorização da política educacional em nível estadual e nacional. Atualmente, o Rio Grande do Norte conta com 248 escolas estaduais que adotam o modelo integral, o que corresponde a 36% da rede estadual.
Expansão contínua
A SEEC está desenvolvendo um plano de expansão do ensino integral até 2026. A secretaria destaca que o ensino em tempo integral é crucial para a melhoria da aprendizagem, redução da evasão escolar e desenvolvimento integral dos estudantes, preparando-os para os desafios futuros. Os recursos aplicados permitiram a ampliação da infraestrutura, aquisição de equipamentos e adaptação de espaços escolares.
Em Natal, a Escola Estadual de Tempo Integral Winston Churchill é citada como referência nesse avanço e continua com matrículas abertas. O diretor Fernando Francelino ressalta a importância do tempo integral para oferecer uma educação mais completa, com mais interação entre alunos e professores, além de atividades extracurriculares em áreas como arte, esporte e ciências.
Apoio nacional
O Programa Escola em Tempo Integral, do Ministério da Educação (MEC), tem sido um dos principais impulsionadores dessa expansão. Com investimentos significativos entre 2023 e 2024, o governo federal incentiva a ampliação da modalidade em todos os níveis da educação básica. No Brasil, as matrículas no ensino fundamental em tempo integral passaram de 14,4% para 19,1%, e no ensino médio, de 20,4% para 24,2%, conforme o Censo.
O diretor da Escola Winston Churchill destaca que o modelo estadual não visa apenas aumentar a carga horária, mas enriquecer a formação dos estudantes. Ele acredita que os alunos se sentem mais seguros e obtêm melhor desempenho, o que se reflete nos resultados do ensino médio. Ele ainda garante que esse desempenho reflete no ENEM. Além disso, o reajuste salarial de 6,27% para professores do RN foi sancionado, algo que pode influenciar positivamente a qualidade do ensino.
Em Natal, a Secretaria de Educação (SME) informou que três escolas operam integralmente, enquanto 19 possuem turmas de educação infantil e ensino fundamental com jornada ampliada. A secretária adjunta de Gestão Pedagógica, Naire Jane Capistrano, destaca que a ampliação da jornada escolar contribui para a melhoria da qualidade e da equidade da educação, com previsão de expansão em 2025.
Desafios e limitações
Apesar dos avanços, estudantes apontam a necessidade de infraestrutura adequada nas escolas que adotam o ensino integral. Matheus Ramos, aluno do 9º ano, reconhece os benefícios pedagógicos, mas ressalta as limitações. A Escola Estadual Alceu Amoroso Lima, por exemplo, precisou adotar o ensino integral em 2025, mas a reforma prometida ainda não foi concluída.
A diretora da unidade, Rosane Silva, explica que a migração para o ensino integral ocorreu mediante aprovação da comunidade escolar e a promessa da reforma. No entanto, a não entrega no prazo previsto gerou condições inadequadas à proposta pedagógica. Atualmente, a escola divide espaço com outra instituição, enfrentando limitações de espaço, falta de climatização e ausência de áreas de descanso.
Reinan Alessandro de França, coordenador administrativo, destaca que o ensino integral só foi possível graças aos esforços da equipe, que se uniu em torno do projeto. A escola oferece 275 vagas do 1º ao 9º ano do ensino fundamental, com cinco novos ateliês na grade curricular.
A Secretaria Estadual de Educação (SEEC) informou que cobrou agilidade da empresa responsável pela obra, que se comprometeu a finalizar os serviços até o final de junho. A pasta informou que a escola também será contemplada com uma quadra e que o investimento no projeto é de cerca de R$ 500 mil. O governo está investindo mais de um milhão na primeira grande reforma da escola, que tem mais de 40 anos de fundação.
Distribuição de matrículas
Além do avanço no ensino integral, o Rio Grande do Norte apresentou variações na distribuição de matrículas entre as redes de ensino de 2022 a 2024. Na educação infantil, a rede municipal manteve estabilidade, com 76,1% das matrículas, e a rede privada seguiu com 23,8%.
Nos anos iniciais do ensino fundamental, a rede municipal registrou 63% das matrículas, um crescimento de 0,3 ponto percentual. A rede estadual caiu para 11,2%, enquanto a rede privada subiu para 25,4%. Já nos anos finais do ensino fundamental, a rede municipal registrou queda de 1,1 ponto, passando para 53,7%. A rede estadual recuou para 25,9%, e a rede privada aumentou para 20,8%.
No ensino médio, a rede estadual se manteve como principal responsável pelas matrículas, com leve queda para 76,7%. A rede privada cresceu para 20,8%, e a rede federal para 10,5%.