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Mauro Cid detalha esquema de venda de joias e monitoramento de Moraes por ordem de Bolsonaro

A delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tem revelado detalhes comprometedores sobre o envolvimento do ex-presidente em diversas ações. As informações, que estavam sob sigilo, foram tornadas públicas após a Procuradoria-Geral da República (PGR) denunciar Bolsonaro e outros 33 investigados no inquérito que apura a tentativa de golpe de Estado

Venda de joias e repasse de valores

Em depoimento à Polícia Federal (PF), Mauro Cid confirmou que Bolsonaro recebeu pessoalmente US$ 86 mil em dinheiro vivo, proveniente da venda de joias e relógios que integravam o acervo da Presidência da República. Os itens, presentes de autoridades estrangeiras, foram comercializados nos Estados Unidos.

Cid detalhou que US$ 18 mil foram entregues diretamente a Bolsonaro, em meados de 2022, após a venda de um kit de joias Chopard, presente da Arábia Saudita em 2019. Os US$ 68 mil restantes foram repassados de forma fracionada, também em espécie, por meio do general Mauro Cesar de Lourena Cid, pai do tenente-coronel, que residia nos EUA. Esse montante corresponde à venda de um relógio Rolex e outro Patek Philippe.

Segundo o depoimento, não há registro oficial da venda dos bens. Cid afirmou que apenas descontou os custos com passagens aéreas e aluguel de veículo. O tenente-coronel alegou ter recebido orientação do Gabinete Adjunto de Documentação Histórica de que os itens vendidos faziam parte do acervo pessoal de Bolsonaro, e não do acervo público da Presidência. Detalhes sobre Mauro Cid detalha à PF ‘minuta do golpe’, gabinete do ódio e venda de joias no governo Bolsonaro já haviam sido divulgados anteriormente.

Monitoramento de Alexandre de Moraes

Outra revelação da delação de Mauro Cid é que Jair Bolsonaro ordenou o monitoramento da rotina do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, relator da investigação sobre a trama golpista. O ex-presidente se referia a Moraes pelo codinome “professora”.

Cid declarou que Bolsonaro solicitou o acompanhamento do ministro para verificar sua posição e localização. Um dos pedidos de monitoramento ocorreu em dezembro de 2022, quando Bolsonaro queria confirmar se Moraes teria um encontro com o então vice-presidente, Hamilton Mourão, em São Paulo.

De acordo com a denúncia da PGR, Bolsonaro também tinha conhecimento e concordou com o planejamento de ações para assassinar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o próprio ministro Alexandre de Moraes. O plano, denominado “Punhal Verde Amarelo”, teria sido arquitetado e levado ao conhecimento do então presidente.

Advertência de Moraes e busca por informações verídicas

Durante audiência realizada em novembro de 2024, o ministro Alexandre de Moraes advertiu Mauro Cid sobre omissões e contradições identificadas pela Polícia Federal em seus depoimentos anteriores. Moraes ressaltou que havia uma tentativa de minimizar as acusações contra Bolsonaro. O ministro alertou Cid sobre a possibilidade de revogação dos benefícios da delação caso novas contradições fossem encontradas.

Na ocasião, Moraes enfatizou a importância de Cid apresentar informações verídicas, especialmente em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a outras lideranças militares citadas, como os generais Braga Netto, Heleno, Paulo Sérgio e Ramos.

Tentativa de blindar Braga Netto

A delação de Cid também revelou uma tentativa inicial de blindar o general Braga Netto, ex-ministro e candidato a vice-presidente na chapa de Bolsonaro em 2022. Cid admitiu ter “dosado as palavras” sobre as tentativas de Braga Netto de obter informações sobre a delação, por meio de ligações telefônicas para o general Lourena Cid, pai do ex-ajudante.

Cid confirmou que Braga Netto repassou a ele “dinheiro dentro de uma sacola de vinho”, que teria permanecido com um militar identificado como Rafael de Oliveira. Braga Netto está preso desde dezembro de 2024, por determinação de Moraes, sob acusação de obstruir a investigação.

Benefícios solicitados por Cid na delação

Ao firmar o acordo de delação premiada, Mauro Cid solicitou diversos benefícios, incluindo:

  • Perdão de suas condenações ou pena máxima de 2 anos de prisão.
  • Restituição de bens e valores apreendidos.
  • Extensão dos benefícios ao pai, à esposa e à filha mais velha.
  • Garantia de segurança para si e seus familiares.

Em contrapartida, Cid se comprometeu a esclarecer todos os crimes de que tinha conhecimento, falar a verdade em todas as investigações, cooperar com a Polícia Federal, entregar documentos e provas, indicar o nome e os contatos de pessoas com informações relevantes, afastar-se de atividades criminosas e comunicar imediatamente à PF caso fosse contatado por qualquer investigado.

Defesa de Bolsonaro

Em nota, o advogado Paulo Cunha Bueno, representante de Bolsonaro, declarou que o ex-presidente “jamais compactuou com qualquer movimento que visasse a desconstrução do Estado Democrático de Direito ou as instituições que o pavimentam”. Bolsonaro nega tentativa de golpe e busca reverter inelegibilidade, enquanto enfrenta as acusações.

 

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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