O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou um relatório com perspectivas econômicas globais, sinalizando uma forte recuperação para a economia da Argentina e elevando a projeção de crescimento global para 2025. A instituição também fez um alerta sobre as possíveis consequências negativas de políticas protecionistas.
Argentina: Reviravolta econômica
O economista-chefe do FMI, Pierre-Olivier Gourinchas, destacou que a economia argentina está apresentando uma recuperação notável, com progressos significativos na redução da inflação. O relatório Perspectiva Econômica Global prevê um crescimento de 5% para a Argentina em 2025 e 2026, após uma contração de 2,8% em 2024. Essa projeção se mantém inalterada em relação às previsões de outubro, o que demonstra uma estabilidade na perspectiva de retomada da economia.
Gourinchas enfatizou que a reviravolta econômica argentina começou no segundo semestre de 2024 e espera-se que continue em 2025, impulsionada pelo aumento dos salários reais, um fator fundamental para o aquecimento do consumo interno e da atividade econômica.
Crescimento global e alertas sobre protecionismo
O FMI também elevou sua projeção de crescimento global para 3,3% em 2025 e 2026, um aumento de 0,1 ponto percentual em relação à estimativa anterior. Esse ajuste foi impulsionado por um desempenho mais forte do que o esperado nos Estados Unidos, que compensou revisões para baixo em outras grandes economias, como Alemanha e França. A instituição prevê que a inflação global caia para 4,2% em 2025 e 3,5% em 2026, o que permitiria uma normalização da política monetária.
Apesar do otimismo em relação ao crescimento, o FMI ressaltou que a expansão global ainda permanece abaixo da média histórica de 3,7% registrada entre 2000 e 2019. Em seu comunicado, o FMI fez um alerta contra medidas unilaterais, como tarifas, barreiras não tarifárias e subsídios que possam prejudicar parceiros comerciais e levar a retaliações, afirmando que tais políticas “raramente melhoram as perspectivas domésticas de forma duradoura” e podem deixar “todos os países em pior situação”.
O alerta do FMI surge em um momento de incerteza política global, especialmente com a iminente posse do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que propôs tarifas sobre importações de diversos países. Uma escalada de protecionismo poderia levar a tensões comerciais, redução de investimentos, diminuição da eficiência do mercado e interrupção das cadeias de suprimento, impactando negativamente o crescimento econômico a curto e médio prazo.
Estados Unidos e Tendências Divergentes
O FMI aumentou sua previsão de crescimento para os Estados Unidos para 2,7% em 2025, com base em um mercado de trabalho robusto e investimentos acelerados. No entanto, o fundo também alertou que a desregulamentação excessiva, especialmente no setor financeiro, pode gerar instabilidade a longo prazo. O FMI também está monitorando de perto as políticas do novo governo dos EUA em relação às moedas digitais, enfatizando a necessidade de supervisão adequada para evitar riscos ao sistema de pagamentos.
Enquanto os Estados Unidos apresentam perspectivas mais otimistas, o FMI reduziu suas previsões para a zona do euro. A Alemanha, por exemplo, deve crescer apenas 0,3% em 2025, e a França teve sua previsão revisada para 0,8%. Gourinchas observou que as divergências entre os EUA e a Europa se devem a fatores estruturais, como o crescimento mais forte da produtividade nos EUA.
Por outro lado, o FMI aumentou ligeiramente a previsão de crescimento para a China, com 4,6% em 2025 e 4,5% em 2026, em resposta a um pacote de estímulo fiscal implementado recentemente pelo governo chinês.
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