A decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar a taxa básica de juros, a Selic, para 13,25% desencadeou um intenso debate no mercado financeiro sobre o futuro da política monetária brasileira. Apesar do aumento já esperado, o comunicado do Copom foi interpretado por muitos como uma sinalização de que o ciclo de aperto monetário pode estar chegando ao fim mais cedo do que o previsto inicialmente.
O Banco Central confirmou o aumento da Selic e indicou um novo ajuste de 1 ponto percentual na próxima reunião, em março. No entanto, a autoridade monetária deixou em aberto seus próximos passos, alimentando especulações sobre o limite para as altas da taxa.
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O impacto imediato no mercado foi uma queda do dólar, que fechou em R$ 5,85, após nove dias consecutivos de baixa. O Ibovespa também reagiu positivamente, com um salto de quase 3%, impulsionado pela expectativa de um possível encerramento precoce do ciclo de elevação da Selic.
O que os bancos enxergam
Analistas do Itaú consideraram o comunicado do Copom mais brando do que o esperado, apontando que as projeções de inflação parecem relativamente moderadas. Eles acreditam que o Banco Central está preocupado com os riscos à atividade econômica doméstica e avalia o impacto de choques globais de forma benigna do ponto de vista inflacionário.
Apesar de preverem um novo aumento de 100 pontos-base na próxima reunião, levando a Selic para 15,75% ao ano, os economistas do Itaú ressaltam que “os riscos indicam que o Copom pode encerrar o ciclo antes disso”.
A Genial também compartilha da visão de que a política monetária já se encontra em um patamar excessivamente contracionista, afirmando que “já nos encontramos próximos do fim do ciclo de alta de juros”, e projetando a Selic terminal em 15%.
O Bank of America (BofA), por outro lado, avalia que o comunicado do Copom permaneceu praticamente inalterado em relação ao de dezembro, e atualizou suas projeções para dois aumentos adicionais de 50 bps após a reunião de março, elevando a Selic terminal para 15,25%. O banco prevê que as taxas serão mantidas até o início dos cortes na terceira reunião de 2026.
Qual será a Selic terminal?
O consenso do mercado ainda aponta para uma Selic mais próxima de 16% do que de 15% no contexto atual, embora o ciclo possa ser mais intenso e terminar mais cedo. O Itaú Unibanco, por exemplo, revisou sua projeção de 15% para 15,75% em 2025, com expectativa de 13,75% para 2026.
Segundo o Itaú, “a política monetária mais restritiva deve impactar a economia com mais força a partir do 2º trimestre de 2025”. A dinâmica do real e as expectativas de inflação serão cruciais para determinar o tamanho do ciclo.
A XP também considera a possibilidade de o Copom interromper o ciclo de alta de juros antes do cenário base, caso a desaceleração econômica se intensifique. A projeção da casa é de uma Selic terminal de 15,50% para este ano.
O Bradesco, por sua vez, projeta a Selic em 15,25% ao final de 2025, com dois aumentos de 100 bps seguidos por duas elevações de 50 bps. O banco aponta que as medidas de contenção de gastos do governo não geraram a credibilidade fiscal esperada, levando a uma “deterioração e volatilidade, sem um vetor claro de melhora no curto prazo”.
O Bradesco também alerta que, sem a dominância fiscal, a Selic pode subir acima do que o mercado precifica atualmente, gerando um equilíbrio delicado para a economia real e o Tesouro.
Última projeção do Boletim Focus
De acordo com a edição mais recente do Boletim Focus, a projeção do consenso do mercado financeiro é de uma Selic a 15% em 2025, com uma taxa de juros de 12,50% esperada para o ano seguinte. As expectativas para a Selic em 2025 se mantêm estáveis há três semanas, enquanto as projeções para 2026 foram revisadas para cima em duas semanas consecutivas.