A Dívida Pública Federal (DPF) encerrou 2024 acima de R$ 7,3 trilhões, impulsionada principalmente pelo elevado patamar da taxa de juros. Os dados foram divulgados nesta terça-feira (4) pelo Tesouro Nacional.
O montante exato da DPF atingiu R$ 7,316 trilhões, representando um aumento de 12,2% em relação aos R$ 6,52 trilhões registrados em 2023. Somente em dezembro, houve um acréscimo de 1,55% em comparação com o mês anterior, quando a DPF somava R$ 7,204 trilhões.
Apesar do aumento, o valor final da DPF em 2024 ficou dentro da faixa estimada pelo Plano Anual de Financiamento (PAF), que previa um estoque entre R$ 7 trilhões e R$ 7,4 trilhões.
Composição da Dívida
A Dívida Pública Mobiliária Federal interna (DPMFi), representada por títulos, teve um aumento de 11,13%, passando de R$ 6,269 trilhões em 2023 para R$ 6,967 trilhões em 2024. A emissão de títulos superou os resgates em R$ 24,82 bilhões, com destaque para os papéis corrigidos pela Taxa Selic. O principal fator de variação, no entanto, foi a apropriação de R$ 673,875 bilhões em juros.
A apropriação de juros corresponde ao reconhecimento mensal da correção dos juros incidentes sobre os títulos, incorporando esse valor ao estoque da dívida pública. Com a Selic em 12,25% ao ano em dezembro, essa apropriação exerceu pressão sobre o endividamento do governo.
Em 2024, o Tesouro emitiu R$ 1,457 trilhão em títulos da DPMFi, um aumento de 6,73% em relação a 2023, e resgatou R$ 1,43 trilhão. A maior parte das emissões (R$ 945,02 bilhões) foi destinada a atender à demanda por títulos indexados à Selic.
No mercado externo, a Dívida Pública Federal externa (DPFe) registrou um aumento expressivo de 38,87%, passando de R$ 251,46 bilhões em 2023 para R$ 349,19 bilhões em 2024. Esse crescimento foi influenciado pela valorização do dólar, que subiu 27,3% no ano passado.
O dólar recua para R$ 5,75, influenciando diretamente a dívida externa do país.
O colchão da dívida pública, que funciona como uma reserva financeira para momentos de instabilidade, apresentou uma queda em 2024, passando de R$ 982,37 bilhões para R$ 860,15 bilhões. Atualmente, essa reserva cobre 6,24 meses de vencimentos da dívida, o menor nível desde fevereiro de 2016. Estima-se que, nos próximos 12 meses, cerca de R$ 1,25 trilhão da DPF vencerá.
Composição da Dívida Pública
Devido à alta demanda por títulos indexados à Selic, a proporção desses papéis na DPF aumentou de 39,66% em 2023 para 46,29% em 2024. Esse tipo de título atrai investidores devido ao elevado patamar da taxa de juros.
Em contrapartida, a proporção de títulos prefixados (com rendimento definido no momento da emissão) diminuiu de 26,53% em 2023 para 21,99% em 2024. A instabilidade do mercado financeiro afetou as emissões desses títulos, que têm menor procura em momentos de incerteza econômica e alta de juros.
A fatia de títulos corrigidos pela inflação também apresentou queda, passando de 29,76% para 26,96%.
A participação do câmbio na dívida pública, composta por antigos títulos da dívida interna corrigidos em dólar e pela dívida externa, subiu de 4,05% para 4,76%, motivada principalmente pela correção de juros da dívida externa.
O prazo médio da DPF teve um leve aumento, passando de 3,95 para 4,05 anos, indicando um período maior para o governo refinanciar a dívida. Instituições financeiras (29,5%), fundos de pensão (23,9%) e fundos de investimento (21,7%) seguem como os principais detentores da Dívida Pública Federal interna.
A participação de investidores não residentes (estrangeiros) aumentou de 9,5% em 2023 para 10,2% em 2024.
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