Ingredientes do prato feito registram queda de preços em São Paulo, mas consumidores divergem sobre percepção

Ingredientes do prato feito registram queda de preços em São Paulo, mas consumidores divergem sobre percepção
Antonio Cruz/ABr

Um levantamento recente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), realizado em colaboração com a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), indica que os preços dos principais componentes do tradicional prato feito apresentaram uma diminuição no estado de São Paulo durante o mês de março.

Carne bovina lidera a queda:

A carne bovina, um dos itens mais importantes na composição do prato, teve uma redução de 1,16% em seu preço. No acumulado do ano, a queda chega a 0,49%. Alguns cortes específicos se destacaram pela maior diminuição de preço desde janeiro, incluindo:

  • Picanha (6,16%)
  • Fraldinha (4,91%)
  • Contrafilé (2,89%)
  • Patinho (2,21%)

Felipe Queiroz, economista-chefe da Apas, explicou os possíveis motivos para essa redução: *“O aumento da oferta de fêmeas para abate, combinado à diminuição da demanda por carne devido ao término do período de festas e à substituição por outros produtos com preços mais acessíveis, pode explicar a redução nos preços em março. O arrefecimento da taxa de câmbio durante o primeiro trimestre do ano e a queda nos preços da ração também contribuíram com a redução nos preços da carne no mês”*.

Cereais também apresentam recuo:

O preço do arroz também apresentou queda, com um recuo de 2,40% em março. O feijão, por outro lado, teve um leve aumento de 0,63%, embora acumule uma deflação significativa de 24,76% nos últimos 12 meses. A categoria de cereais como um todo apresentou uma queda de 12,75% no mesmo período.

*“Em março, toda a subcategoria de cereais recuou 1,29%, mantendo a tendência de deflação observada desde o segundo trimestre de 2024. Esse processo deflacionário está relacionado principalmente à diminuição no preço do feijão, que está em queda desde o mês de abril do ano passado”*, complementou Queiroz.

Divergência na percepção do consumidor:

Apesar da redução nos preços apontada pelo levantamento, a percepção dos consumidores sobre o impacto dessa mudança é variada. Gisele Fernandes, servidora pública de 53 anos, declarou não ter notado a queda nos preços dos alimentos nos supermercados. *“Os preços praticados no segmento da alimentação, como o arroz, o feijão e a carne, já vêm em uma ascendência galopante desde novembro do ano passado. Esses alimentos, a meu ver, ficaram com o preço impraticável. A solução está sendo diminuir o consumo desses alimentos”*, afirmou.

Em contrapartida, Andreza Ferreira, assistente de recursos humanos de 43 anos, relatou ter percebido uma diminuição nos preços de alguns produtos. *“Esse último mês percebi que o arroz e o feijão tiveram uma queda e deu para comprar de novo a marca mais cara que eu comprava. Antes, para poder adequar a minha renda, eu tive que trocar de marca para não ter um peso no orçamento. A carne eu não senti tanta diferença, eu ainda continuo fazendo minhas alternativas”*, disse.

Em um cenário de mudanças econômicas, é importante estar atento às projeções futuras. O governo projeta o salário mínimo para 2026, um dado relevante para o planejamento financeiro familiar. A inflação também desempenha um papel crucial; dados recentes mostram que a inflação apresenta desaceleração em todas as faixas de renda, um alívio para o bolso do consumidor.


Açúcar Cristal tem alta em São Paulo:

Os preços médios do açúcar cristal, um dos principais derivados da cana-de-açúcar, registram alta no início da safra 2025/2026 no mercado *spot* do estado de São Paulo, quando a entrega da mercadoria é imediata com pagamento à vista. A informação foi divulgada em boletim desta quarta-feira (23) do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq), o campus da USP em Piracicaba (SP).

Segundo pesquisadores do Cepea, a alta nas cotações neste primeiro mês da safra 2025/26 se deve, especialmente, a restrição da oferta de açúcar, principalmente dos tipos de melhor qualidade, como a do açúcar Icumsa até 180.

Ainda conforme o Centro de Pesquisas, embora a colheita da cana-de-açúcar já tenha começado em algumas regiões de São Paulo, chuvas isoladas vêm interrompendo temporariamente as operações no campo e, consequentemente, nas usinas.

No último dia 17 de abril, o Indicador Cepea/Esalq fechou a R$ 144,31 a saca de 50 quilos. Esse valor não era registrado desde 11 de fevereiro de 2025, período da entressafra 2024/25.

*"Além disso, pesquisadores do Cepea ressaltam que é comum a disponibilidade de lotes de açúcar cristal Icumsa até 180 aumentar gradativamente nas primeiras semanas de moagem, visto que usinas costumam iniciar a produção com etanol ou açúcar VHP"*, acrescentam os pesquisadores do Cepea no boletim divulgado nesta quarta-feira.

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