O governo federal planeja elevar a mistura de etanol anidro na gasolina para 30% ainda em 2025. A informação foi divulgada pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em entrevista à TV Globo nesta sexta-feira (14). “Acho que nós temos oferta para chegar no E30 [30% de etanol] rapidamente, ainda neste ano”, afirmou o ministro.
Silveira argumenta que a medida deve resultar na redução do preço da gasolina para o consumidor final. “O etanol é bem mais barato que a gasolina, então à medida que você aumenta, não tenha nenhuma dúvida nem na questão da sustentabilidade, nem na questão econômica porque ele diminui o preço [da gasolina]”, explicou.
Adicionalmente, o ministro acredita que o aumento da utilização de etanol pode tornar o Brasil menos dependente da importação de gasolina, permitindo uma revisão do modelo de precificação dos combustíveis.
Atualmente, os combustíveis fósseis vendidos pela Petrobras levam em conta diversos fatores. Entre eles, o preço do mercado internacional, em dólar.
Estudos de viabilidade
O Ministério de Minas e Energia (MME) realizou estudos, conduzidos pelo Instituto Mauá, que atestam a viabilidade técnica da mistura. Atualmente, a gasolina comercializada no país contém 27% de etanol anidro. Aprovada no ano anterior, a nova lei do combustível permite a adição de até 30% do biocombustível.
“Passou com 10 [os estudos]. Aumenta a octanagem da gasolina, é extremamente seguro, não cria nenhum problema para os motores”, garantiu Silveira.
O ministro também assegurou que a nova mistura não causará problemas aos veículos flex, projetados para rodar inclusive com 100% de etanol hidratado.
“Agora, nós testamos na amostragem de 17% dos veículos, que são veículos que rodam a gasolina, veículos importados e nacionalizados. E o teste foi aprovado com participação ampla da indústria automobilística nacional, nos dando completa segurança na maior participação do etanol brasileiro na nossa gasolina”, complementou.
📌 Os estudos de viabilidade serão encaminhados para o Conselho Nacional de Política Energética (CNPE), órgão que assessora o presidente da República. É o CNPE que deve decidir sobre o início da implementação da mistura, previsto para ainda este ano.
Movimentos contra os biocombustíveis
O deputado Marcos Pollon (PL-MS) propôs um projeto de lei visando permitir que postos de combustíveis vendam gasolina sem adição de etanol e diesel sem adição de biodiesel. Paralelamente, distribuidoras de combustíveis solicitaram à Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) a suspensão da adição de biodiesel ao diesel fóssil por um período de 90 dias.
“Seria destruir uma indústria que o Brasil investiu 50 anos, que é ela indústria do etanol. E também, e quero ressaltar, acho justo por parte dos distribuidores cobrar a fiscalização da ANP para que a gente tenha a mistura do biodiesel adequada no diesel […] Mas não há que se falar da destruição completa de uma grande indústria [como a do biodiesel”, concluiu Silveira.
A busca por alternativas sustentáveis tem ganhado força, como evidenciado em Cientistas da UFRN criam combustível sustentável a partir de plástico descartado, um exemplo de inovação no setor.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.