Cientistas da UFRN criam combustível sustentável a partir de plástico descartado

Cientistas da UFRN criam combustível sustentável a partir de plástico descartado
Pesquisadores Edyjancleide Rodrigues e José Luiz Francisco Alves executam etapa da reciclagem química de plásticos – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) estão conduzindo um estudo inovador que pode dar um novo destino ao plástico descartado. O objetivo é converter esses resíduos em hidrocarbonetos de alto valor energético, que podem ser utilizados na produção de combustíveis alternativos. A pesquisa, desenvolvida pelo Laboratório de Tecnologia Ambiental (LabTam/UFRN), utiliza a pirólise catalítica para transformar plásticos e materiais mistos em um óleo sustentável, ajudando a reduzir a poluição e a dependência de combustíveis fósseis.

O método adotado pelos cientistas da UFRN se baseia na pirólise, um processo químico que aquece os plásticos em um ambiente sem oxigênio, decompondo-os em óleo rico em hidrocarbonetos. Esse óleo pode ser refinado para produzir gasolina, diesel e querosene, oferecendo uma alternativa sustentável para a destinação dos plásticos descartados.

Desde 2023, a equipe do LabTam tem realizado testes em laboratório utilizando resíduos plásticos industriais provenientes da fabricação de embalagens. O próximo passo será expandir os estudos para plásticos pós-consumo, como os encontrados no lixo doméstico e em aterros sanitários.

Para aumentar a eficiência e reduzir custos, os pesquisadores empregaram catalisadores de baixo custo. Em um dos estudos, utilizaram trióxido de tungstênio suportado em cinza da casca de arroz, enquanto em outro, um catalisador à base de óxido de cálcio obtido de resíduos da indústria cimenteira. Esses catalisadores aceleram o processo e melhoram a qualidade dos produtos obtidos.

Pesquisadores destacam benefícios e desafios

Cientistas da UFRN criam combustível sustentável a partir de plástico descartado
Pesquisador José Luiz Francisco Alves opera equipamento durante teste com pirólise no LabTam/UFRN – Foto: Cícero Oliveira – Agecom/UFRN

A pesquisadora Edyjancleide Rodrigues, integrante do projeto, explicou a importância da iniciativa:

Nosso objetivo é transformar o que hoje é resíduo em um insumo de alto valor energético, permitindo que a reciclagem plástica alcance novos patamares.”

Já o pesquisador José Luiz Francisco Alves destacou o impacto positivo da técnica:

Devido aos resultados promissores, espera-se que essa abordagem seja aplicada em maior escala no futuro, contribuindo assim para a redução de resíduos e o fortalecimento da economia circular.”

Apesar do avanço, há desafios para a implementação em larga escala. Um dos principais obstáculos é garantir que o processo seja economicamente viável e possa ser aplicado de forma contínua em reatores industriais. Os pesquisadores estão realizando testes em reatores laboratoriais para otimizar a tecnologia e avaliar sua maturidade, conforme a escala Technology Readiness Level (TRL).

Perspectivas para a aplicação em larga escala

Os estudos do LabTam fazem parte do projeto “Produção de Combustíveis Sustentáveis por Pirólise Catalítica de Misturas de Resíduos Lignocelulósicos e Polietileno“, financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). A pesquisa também está alinhada com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, contribuindo para metas como:

  • ODS 7 – Energia acessível e limpa
  • ODS 9 – Inovação e infraestrutura sustentável
  • ODS 11 – Cidades e comunidades sustentáveis
  • ODS 12 – Consumo e produção responsáveis
  • ODS 13 – Ação contra a mudança global do clima

Além disso, o projeto atende aos Indicadores 10, 14 e 15 do Plano de Gestão 2023-2027 da UFRN, reforçando o compromisso da universidade com inovação e sustentabilidade.

O próximo estágio da pesquisa será a realização de testes para refinar o óleo obtido na pirólise e verificar sua compatibilidade com as especificações da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Caso os resultados sejam satisfatórios, a tecnologia poderá ser aplicada em larga escala, ampliando as opções de combustíveis renováveis e reduzindo a dependência de fontes fósseis.

Deixe um comentário

Seu e‑mail não será publicado.

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.