A primeira reunião do Conselho de Administração da Petrobras em 2025, realizada nesta quarta-feira (29), foi marcada por intensos debates sobre a política de preços de combustíveis da estatal. Investidores privados pressionam por um reajuste que aproxime os valores praticados pela companhia aos preços de importação.
Segundo fontes próximas ao assunto, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião recente, que um possível reajuste se limitaria ao diesel, sem afetar a gasolina. A diretoria da empresa, entretanto, não indica a intenção de alterar os preços imediatamente, o que gera divergências entre os representantes dos acionistas minoritários e do governo federal no Conselho.
Os conselheiros já receberam um relatório da diretoria informando que os preços atuais estão em conformidade com a política vigente, implementada em maio de 2023. No entanto, essa avaliação não é unânime. Parte do Conselho defende um reajuste no preço do diesel, que permanece inalterado há mais de um ano.
Dados da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) indicam uma defasagem de 16% no preço do diesel em relação ao mercado internacional, enquanto a gasolina apresenta uma defasagem de 8%. A Petrobras não altera o preço do diesel há 399 dias, e a Abicom aponta para 91 dias de janela fechada para importação do combustível.
A recente queda do dólar, cotado a R$ 5,89 na terça-feira (28), e do petróleo, negociado a US$ 75,98 o barril nesta quarta-feira (29), contribuíram para a redução da defasagem. A Abicom calcula que, para atingir a paridade internacional, a Petrobras poderia elevar o preço do diesel em R$ 0,55 por litro e o da gasolina em R$ 0,24 por litro.
Representantes de investidores privados argumentam que a política de preços não está sendo cumprida e necessita de correção. Há um apelo para que a Petrobras informe ao mercado o impacto da atual condução dos preços em seu faturamento. Outra fonte próxima às discussões no Conselho concorda sobre a necessidade do reajuste, afirmando que a política foi respeitada apenas até dezembro de 2024.
Por outro lado, a diretoria da estatal sustenta que a política de preços garante margem de lucro positiva, posição aceita pela maioria dos representantes do governo no Conselho.
Em entrevista recente, Magda Chambriard afirmou que os preços do diesel e da gasolina não estão congelados e que a estratégia da empresa tem sido bem-sucedida. “Não estamos congelando nada. Estamos absolutamente dentro da nossa estratégia, a qual não posso contar. Se dissesse, estaria lesando o meu acionista”, disse Magda. “A gente acompanha o mercado e evita a volatilidade de olho em market share”, completou.
Chambriard destacou a menor demanda por diesel em janeiro e fevereiro, com expectativa de recuperação em março. O Brasil importa entre 20% e 30% do diesel consumido, e a Petrobras assume essa importação na ausência de agentes privados quando a demanda aumenta.
Apesar das divergências, o Conselho de Administração possui poder apenas para recomendar e discutir a política de preços, sem autoridade para alterá-los diretamente. Essa responsabilidade recai sobre a presidente Magda Chambriard e os diretores financeiro, Fernando Melgarejo, e de distribuição e logística, Carlos Schlosser. Ambos os diretores estão de férias e retornam na próxima semana, o que torna um reajuste imediato improvável.
Fontes internas à Petrobras consideram um reajuste improvável nos próximos dias, devido à concorrência com o diesel russo e ao reajuste do ICMS previsto para fevereiro. Um possível espaço para mudanças seria a partir de março, coincidindo com a projeção de aumento da demanda por diesel.
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