Economia

Acordo Mercosul-UE: Impulso de R$ 94 bilhões para o comércio brasileiro?

O acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia (UE), anunciado em 06 de dezembro de 2024, promete um significativo impacto na economia brasileira. Segundo estimativas do governo federal, o comércio entre o Brasil e o bloco europeu deve aumentar em R$ 94,2 bilhões até 2044, representando um incremento de 5,1% sobre os níveis atuais.

Impacto Econômico Projetado: O governo prevê um aumento de R$ 42,1 bilhões nas importações da UE e de R$ 52,1 bilhões nas exportações brasileiras. Além disso, o PIB brasileiro deve ser impactado positivamente em R$ 37 bilhões (0,34% da economia), com um acréscimo de R$ 13 bilhões em investimentos (0,76%). São esperadas também uma redução de 0,56% nos preços ao consumidor e um aumento de 0,42% nos salários reais. É importante ressaltar que todas essas projeções são referentes ao ano de 2044, considerando a natureza gradual da redução das tarifas de importação.

A UE como parceiro comercial: A União Europeia ocupa a segunda posição no ranking dos principais parceiros comerciais do Brasil, ficando atrás apenas da China. Em 2023, as trocas comerciais entre Brasil e UE corresponderam a 16% do comércio exterior brasileiro, totalizando US$ 46,3 bilhões em exportações brasileiras e US$ 45,4 bilhões em importações.

Detalhes do Acordo e Análise de Especialista: O professor Giorgio Romano Schutte, do Observatório da Política Externa e da Inserção Internacional do Brasil (Opeb), destaca que o acordo atual apresenta melhorias em relação à versão negociada em 2019, principalmente devido à inclusão de salvaguardas para o setor automotivo brasileiro. “Mas isso vai depender do governo de plantão, se ele vai usar ou não o poder de salvaguarda”, ressaltou Schutte. O especialista da UFABC também pondera que os impactos econômicos serão sentidos a longo prazo e que a influência do acordo será limitada, lembrando que apenas a China possui um volume de comércio com o Brasil superior ao da UE e dos EUA combinados. "O impacto não é assim tão rápido. A geração de empregos deve demorar a dar resultados. Mas com esse acordo você aumenta o comércio. Além disso, com o acordo, aumenta o poder de negociação com a China e os Estados Unidos. Tem um elemento político também nesse acordo, para além do econômico. Agora, algumas poucas empresas brasileiras e do Mercosul vão conseguir aproveitar para fazer negócios na União Europeia, com certeza”, analisou.

Redução Tarifária e Cotas: A redução das tarifas impostas pelo Mercosul à UE será gradual, com prazos que variam de 4 a 15 anos para a maioria dos produtos. Para o setor automotivo, os prazos são ainda mais extensos, de 18 a 30 anos para veículos eletrificados e com novas tecnologias. Do lado da UE, a redução também será gradual, em períodos de 4 a 12 anos. O acordo prevê cotas para determinados produtos agrícolas e agroindustriais brasileiros, como carne suína, etanol, açúcar, arroz, mel, milho, sorgo e queijos, acima dos quais as tarifas passam a ser cobradas integralmente. Schutte considera essa a principal assimetria do acordo: "No caso dos produtos industriais da União Europeia, eles entram sem cotas, sem restrições ao volume. E no caso dos produtos agrícolas do Mercosul, tem cotas”, pontuou.

Principais produtos exportados pelo Brasil para a UE em 2023 (em %):

  • Alimentos para animais – 11,6%
  • Minérios metálicos e sucata – 9,8%
  • Café, chá, cacau, especiarias – 7,8%
  • Sementes e frutos oleaginosos – 6,4%
  • Ferro e aço – 4,6%
  • Vegetais e frutas – 4,5%
  • Celulose e resíduos de papel – 3,4%
  • Carne e preparações de carne – 2,5%
  • Tabaco e suas manufaturas – 2,2%

Principais produtos importados pelo Brasil da UE em 2023 (em %):

  • Produtos farmacêuticos e medicinais – 14,7%
  • Máquinas em geral e equipamentos industriais – 9,9%
  • Veículos rodoviários – 8,2%
  • Petróleo, produtos petrolíferos – 6,8%
  • Máquinas e equip. de geração de energia – 6,1%
  • Produtos químicos orgânicos – 5,5%
  • Máquinas e aparelhos especializados para determinadas indústrias – 5,3%
  • Máquinas e aparelhos elétricos – 4,7%
  • Materiais e produtos químicos – 3,6%
  • Ferro e aço – 3,4%

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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