China mira fábricas alemãs da Volkswagen em meio a tensões comerciais

Fontes indicam que autoridades e fabricantes de automóveis chineses estão considerando a aquisição de fábricas alemãs, particularmente as da Volkswagen, em um movimento estratégico para fortalecer sua presença na indústria automobilística europeia. A informação, divulgada pela Reuters, revela que Pequim enxerga a produção local na Alemanha como uma via para aumentar sua influência no setor automotivo, além de evitar as tarifas de importação impostas pela União Europeia (UE) a veículos elétricos (VEs) chineses.

A decisão de investir em solo alemão, segundo a fonte, está condicionada ao posicionamento do novo governo alemão em relação à China, após as eleições de fevereiro de 2023. A China já possui investimentos em diversos setores da Alemanha, como telecomunicações e robótica, e a Mercedes-Benz conta com dois grandes acionistas chineses.

Aumento das tarifas e retaliações

Em outubro de 2023, a Comissão Europeia iniciou uma investigação sobre subsídios a importações de VEs chineses. Um ano depois, a UE aumentou as taxas de importação desses veículos em mais de 45%. Em resposta, a China impôs tarifas provisórias sobre conhaque europeu e ameaçou aumentar as tarifas sobre carros movidos a combustíveis com motores de grande cilindrada. O governo chinês também apresentou uma ação na Organização Mundial do Comércio (OMC) acusando Bruxelas de “protecionismo comercial”.

A Volkswagen anunciou, em 2023, planos para fechar pelo menos três de suas fábricas na Alemanha, demitir milhares de trabalhadores e cortar salários em 10%. Posteriormente, a montadora, a segunda maior do mundo em produção, fechou um acordo com o sindicato IG Metall para evitar demissões involuntárias e o fechamento de fábricas até 2030. Daniela Cavallo, chefe do conselho de trabalhadores da Volkswagen, pediu que as autoridades alemãs criassem um plano para evitar o colapso da economia do país.

A Volkswagen, assim como outras empresas da UE, tem enfrentado dificuldades com a desaceleração econômica global, que diminuiu a demanda por seus produtos, e a transição para tecnologias mais limpas. A eventual aquisição de fábricas da montadora alemã por empresas chinesas, portanto, poderia reconfigurar o cenário da indústria automotiva na Europa.