A China já está conduzindo testes avançados para a Internet 6G, enquanto o Brasil ainda enfrenta desafios para consolidar o 5G. A operadora China Mobile, a maior do mundo no setor de telecomunicações, lançou há cerca de um ano o primeiro satélite experimental para o 6G, marcando um passo significativo no desenvolvimento da tecnologia. A questão que surge é: quando essa inovação chegará ao Brasil?
Se o país seguiu um longo caminho para a implementação do 5G, que levou quase uma década desde os primeiros testes até sua adoção mais ampla, o cenário para a sexta geração da internet não será muito diferente. O avanço depende de fatores estruturais, burocráticos e financeiros, o que pode atrasar a chegada do 6G ao território nacional.
Para que o 6G se torne realidade no Brasil, grandes investimentos em infraestrutura serão necessários. O novo padrão exigirá mais torres, antenas e melhorias na distribuição de sinal, principalmente nos grandes centros urbanos, onde a escassez de espaço é um fator limitante.
Além da questão estrutural, o processo regulatório será outro entrave. Sebastião Rezende, gerente de engenharia da Fibracem, empresa brasileira especializada em telecomunicações, explica que a regulamentação no país deve seguir um caminho semelhante ao do 5G.
“O Brasil precisará passar por um longo processo de regulamentação, incluindo leilões para a distribuição de frequências e a definição de normas para sua implementação. E esse trâmite poderá atrasar ainda mais a chegada da tecnologia ao país“, afirma Rezende.
Esses desafios indicam que a Internet 6G pode levar pelo menos uma década para se tornar viável no Brasil.
Velocidade e benefícios da Internet 6G
O principal diferencial do 6G será sua velocidade extremamente superior ao 5G. Estima-se que a nova rede seja até cem vezes mais rápida, garantindo menor latência e melhor desempenho, o que pode revolucionar diversos setores da economia.
“Essa revolução tecnológica poderia transformar desde a forma como consumimos conteúdo digital até a maneira como processos internos nas empresas são automatizados“, destaca Rezende.
Com a internet mais veloz e estável, será possível viabilizar aplicações de inteligência artificial mais avançadas, além de tecnologias emergentes como realidade aumentada, metaverso, robótica de alta precisão e veículos autônomos.
Indústrias serão as principais beneficiadas
Embora o 6G traga benefícios para toda a sociedade, o setor industrial será um dos mais impactados pela tecnologia. Com alta velocidade e baixa latência, processos automatizados poderão ser executados em tempo real, permitindo mais eficiência produtiva e maior competitividade no mercado global.
Empresas poderão operar fábricas inteligentes e conectadas, utilizando sensores e sistemas autônomos para otimizar a produção e reduzir falhas.
“Máquinas, robôs e sistemas logísticos poderão responder a comandos instantaneamente, diminuindo significativamente o tempo de resposta e, consequentemente, aumentando a eficiência produtiva, o que poderá ajudar a tornar o país mais competitivo no cenário global“, explica Rezende.
Setores como automobilístico, aeroespacial, saúde e telecomunicações terão suas operações aprimoradas com essa nova tecnologia.
A corrida tecnológica e a disputa global
A aceleração do desenvolvimento do 6G está diretamente ligada à competição global por protagonismo tecnológico. Países como a China investem fortemente na nova geração da internet não apenas pelo avanço na conectividade, mas também pela oportunidade de liderar a criação e regulamentação da tecnologia.
“Países como a China investem nessa inovação não apenas pelo avanço da conectividade, mas também para conquistar protagonismo, tanto na criação, quanto na regulamentação da nova tecnologia“, finaliza Rezende.
Enquanto a China segue avançando com seus testes, o Brasil ainda tem um longo caminho a percorrer para que o 6G se torne realidade.
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