A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está prestes a implementar um novo sistema de comunicação para melhorar a segurança e a eficiência de suas operações. A iniciativa, segundo o diretor-geral Luiz Fernando Corrêa, é uma resposta direta às falhas de comunicação identificadas durante os eventos de 8 de janeiro de 2023, em Brasília.
Segundo Corrêa, em entrevista à Agência Brasil, “A partir dali, passamos a analisar, retrospectivamente, onde estavam os pontos falhos dos diferentes serviços. Uma das falhas de comunicação que tivemos durante as crises do 8 de Janeiro foi no serviço de mensageria. E o sistema de comunicação de dados sigilosos entre os parceiros também não é suficientemente ágil, dada a instantaneidade das demandas”.
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O novo sistema, semelhante a aplicativos populares como WhatsApp e Telegram, mas com recursos de segurança aprimorados, permitirá o compartilhamento de textos, imagens e áudios. Uma dupla camada de criptografia, similar à usada nas urnas eletrônicas, protegerá o conteúdo, garantindo o acesso apenas aos destinatários autorizados. Os documentos circularão pela plataforma com base em níveis de acesso pré-definidos.
Desenvolvido em parceria com o Serpro e a Universidade Federal do Ceará, o sistema está em fase final de testes. Corrêa afirma que “Os técnicos são mais cautelosos, mas eu já o considero pronto. Ele está em fase [final] de testes dentro da Abin e, em janeiro, migrará para o ambiente do Serpro, onde ampliaremos os testes sob o olhar crítico dos demais órgãos do sistema e onde será mantido para garantir sua sustentabilidade e manutenção ao longo do tempo. Para que não haja descontinuidade nem no sentido de manutenção, nem de evolução tecnológica”. Há planos para expandir o uso da ferramenta para outras áreas da administração pública federal no futuro.
Além do novo sistema de mensagens, a Abin também trabalha na ampliação da rede de inteligência nacional, incluindo a participação de representantes de setores estratégicos além do Poder Executivo federal. Atualmente, 48 órgãos públicos federais compõem a rede, e negociações estão em andamento para incluir os 26 estados brasileiros e o Distrito Federal. A criação de três câmaras temáticas permitirá a participação regular de empresas públicas e privadas estratégicas, instituições financeiras e do sistema de inteligência do Poder Judiciário, substituindo os acordos de cooperação anteriores.
Para o diretor-geral da Abin, “Nunca houve um compromisso [normativo claro] entre o sistema e estes parceiros externos. O que queremos agora é que as estruturas de inteligência do Poder Judiciário, do sistema financeiro e das atividades econômicas estratégicas tenham regras para garantir uma relação segura e confiável no tratamento de dados sensíveis”.