Nem sempre Brasília é sinônimo de boas notícias para o Rio Grande do Norte. Mas, desta vez, a governadora Fátima Bezerra (PT) voltou da capital federal com um pacote robusto de investimentos — e com um discurso ancorado não só em promessas, mas em licitações marcadas, contratos em andamento e obras com data para começar.
Na reunião com os ministros Renan Filho (Transportes) e Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), a governadora formalizou a confirmação de uma das pautas mais antigas da infraestrutura rodoviária potiguar: a duplicação da BR-304, principal ligação entre Natal e Mossoró. O projeto finalmente vai sair do papel, com obras iniciando em setembro de 2025 — após a conclusão das licitações dos dois primeiros lotes, prevista para julho.
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A duplicação começará pelo trecho entre Mossoró e Assú, totalizando 60 quilômetros. O segundo lote contempla a Reta Tabajara até a cidade de Riachuelo, passando pela travessia urbana de Macaíba e incluindo ainda a construção de um viaduto de acesso ao Aeroporto Aluízio Alves, em São Gonçalo do Amarante.
Para quem acompanha a política potiguar de perto, essa conquista tem um significado especial: é a primeira vez, em décadas, que o projeto avança com cronograma definido, licitação em andamento e sinal verde do governo federal para liberar os recursos.
Fátima, em tom assertivo, resumiu:
“Priorizamos a duplicação da BR-304 no PAC e o presidente Lula nos atendeu”.
Mais que discurso: obras estruturantes
Além da duplicação da 304, Fátima Bezerra anunciou, ainda em Brasília, um investimento de R$ 70 milhões no Aeroporto Dix-sept Rosado, em Mossoró. Os recursos são voltados para modernização, ampliação e adaptação da pista e do terminal, permitindo o avanço da aviação regional, um gargalo crônico no estado.
O aeroporto é estratégico não apenas para Mossoró, mas para todo o oeste potiguar, e vem recebendo nos últimos anos voos comerciais regulares — algo impensável até pouco tempo. A meta agora é elevar a categoria da unidade e permitir novas rotas. O investimento vem em boa hora.
E não para por aí. A governadora também garantiu junto ao Ministério de Portos e Aeroportos um pacote de R$ 100 milhões para o Porto de Natal — com foco na modernização das instalações e ganho de competitividade para escoamento de frutas, sal, combustíveis e carga geral.
Com essas articulações, Fátima pavimenta o que talvez seja o maior pacote de obras estruturantes dos últimos 15 anos no estado. E não apenas isso: fortalece sua imagem como figura chave da bancada petista no Nordeste.
Hospital de Caicó: saúde na mesa de prioridades
Outro ponto importante da viagem a Brasília foi o acordo com o Ministério da Educação (MEC) para ampliar o Hospital do Seridó, em Caicó, que passará a atuar como hospital universitário vinculado à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). O projeto amplia o acesso regionalizado à saúde e também cria espaço para ensino, pesquisa e formação de profissionais.
A parceria é técnica, orçamentária e política — e atende a uma reivindicação histórica do Seridó. Ao inserir Caicó no mapa das unidades federais de saúde, o governo Fátima amplia o alcance do SUS no interior e oferece mais um ponto de apoio para descentralização da assistência.
A força da articulação política — e o desafio da execução
É preciso reconhecer: nem todo gestor estadual consegue sair de Brasília com um pacote de bilhões em obras, ainda mais em tempos de orçamento apertado e disputas federativas intensas. O que Fátima Bezerra demonstrou — goste-se ou não de sua linha partidária — foi capacidade de articulação administrativa, técnica e política.
A governadora não governa isolada, e o bom trânsito com o Planalto tem feito diferença real nos últimos meses. O alinhamento com o ministro Renan Filho é um exemplo claro de como o capital político está sendo convertido em entregas reais para o estado.
Mas toda essa conquista impõe uma responsabilidade adicional: fazer as obras acontecerem com eficiência, cronograma cumprido e controle dos contratos. Não basta anunciar. O Rio Grande do Norte já viu muitas placas serem fincadas na terra sem jamais saírem do papel.
A comunicação certa no momento certo
Fátima Bezerra tem mantido um perfil mais institucional do que midiático. Sua gestão não investe em estratégias agressivas de marketing pessoal, mas soube aproveitar o momento de agenda positiva para alinhar discurso, dados e confiança.
O anúncio da duplicação da BR-304, por exemplo, foi tratado com transparência: cronograma, trechos, fontes de recursos, fase da licitação — tudo veio acompanhado de fala técnica e voz política.
É uma postura que contrasta com o estilo pirotécnico de outros gestores da região e que agrada a um eleitorado cada vez mais cético diante de promessas genéricas.
O capital político bem aplicado
Fátima Bezerra volta de Brasília com conquistas concretas. Mais do que fotos ou discursos, ela retorna com cronograma de obra federal assinado, recursos empenhados e parcerias amarradas com três ministérios. É o tipo de agenda que muda não só a percepção do eleitorado (que ele vem perdendo constantemente) — mas a realidade das regiões mais esquecidas do estado.
Obviamente, o desafio da execução permanece: a duplicação da BR-304 precisa começar no prazo, os investimentos no aeroporto e no porto têm que seguir o plano, e o hospital de Caicó precisa virar realidade.
Mas, neste momento, Fátima tem muito a comemorar — e com razão. Governar também é saber a hora de cobrar, a hora de negociar e a hora de assinar. E ela, nesse ponto, acertou o tempo.