Thabatta Pimenta entra na Justiça contra Sargento Gonçalves e acusa deputado de transfobia

A vereadora de Natal, Thabatta Pimenta (Psol), confirmou que entrou com um processo na Justiça contra o deputado federal Sargento Gonçalves (PL). O motivo é a acusação de transfobia, após declarações feitas pelo parlamentar durante sessão na Câmara dos Deputados, realizada na última quarta-feira (9). Além do processo, Thabatta também acionou o Ministério Público e registrou um boletim de ocorrência.

O episódio que gerou a denúncia aconteceu durante um debate no plenário da Câmara, quando Sargento Gonçalves se referiu à vereadora utilizando pronomes masculinos, desrespeitando a identidade de gênero de Thabatta, que é a primeira mulher trans eleita vereadora em Natal. [vídeo mais abaixo].

Outro ponto destacado pela parlamentar foi o fato de o deputado ter repetido, no mesmo momento, a frase “o choro é livre”, que já havia sido usada contra ela pelo vereador Subtenente Eliabe (PL) em uma sessão da Câmara Municipal de Natal. A fala ocorreu durante discussões sobre a concessão do título de Cidadão Natalense ao ex-presidente.

Além da ação judicial pedindo indenização por danos morais, Thabatta comunicou que protocolou uma denúncia no Ministério Público, solicitando que o órgão investigue o caso. Paralelamente, a vereadora também prestou queixa na Delegacia Especializada de Combate a Crimes de Racismo, Intolerância e Discriminação (Decrid).

A vereadora destacou que a fala de Gonçalves representou não apenas um ataque pessoal, mas também a continuidade de um comportamento que considera discriminatório. “Além de dar continuidade ao discurso do vereador Eliabe que debochou da minha fala em nome das vítimas da Covid”, escreveu Thabatta ao se referir à frase dita pelo deputado.

Em nota, Thabatta afirmou que o comportamento do deputado é um exemplo claro de desrespeito à sua identidade. Segundo ela, “o deputado se atreveu a se referir a minha pessoa usando pronomes masculinos, em um total desrespeito à minha identidade de gênero”. A parlamentar também ressaltou que essa atitude reforça o discurso de ódio.

Ela declarou ainda que “o comportamento do deputado demonstrou um desprezo alarmante pelo respeito e pela dignidade, incitando ainda mais o ódio entre seus seguidores”. Para Thabatta, é fundamental que o caso tenha uma resposta rápida das instituições.

A vereadora destacou que espera providências urgentes: “Espero que o Ministério Público haja rapidamente, pois a impunidade neste caso pode perpetuar a banalização da dor alheia e a desumanização daquelas pessoas que buscam uma representação justa e igualitária”.

Thabatta também defendeu que o Judiciário precisa agir de forma firme para que situações como essa não se repitam. “O que se espera é uma resposta firme do sistema Judiciário, para que todos saibam que atitudes como essa não podem passar despercebidas e muito menos ficar impunes”, concluiu a vereadora.