O Senado Federal decidiu nesta quarta-feira (4) retirar de pauta o Projeto de Lei 2234/2022, que propunha a legalização de bingos e cassinos no Brasil. A decisão ocorreu após diversos senadores manifestarem preocupação com a complexidade e polêmica envolvidas no tema.
A retirada da pauta foi solicitada pelo relator do projeto, senador Irajá (PSD-TO), atendendo a um pedido da maioria dos líderes partidários. Segundo o senador, a decisão visa permitir a obtenção de mais informações antes da retomada da discussão. Não há previsão para quando o projeto voltará a ser apreciado.
Argumentos contra a urgência na votação foram apresentados por vários senadores. Entre os pontos levantados, estavam os potenciais riscos à saúde pública e à segurança, associados à expansão dos jogos de azar. O senador Flávio Arns (PSB-PR), por exemplo, defendeu a necessidade de estudos mais aprofundados por parte dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social, para melhor embasar a discussão.
Apesar das preocupações, o próprio relator, senador Irajá, defendeu a legalização, argumentando que a regulamentação poderia tirar o controle dos jogos de azar das mãos do crime organizado, permitindo a arrecadação de impostos e a punição de ilícitos. Ele afirmou: “Tem quem defenda a manutenção dos jogos de azar, controlado e dominado pelo crime organizado no país. E aqueles como eu (…) que sejam fiscalizados pelos órgãos de controle e que também se possa arrecadar impostos e punir, eventualmente, quem cometa algum tipo de crime ou de ilicitude”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), confirmou o consenso pela necessidade de mais informações governamentais antes da próxima votação, prevista apenas para 2025. Pacheco declarou: “Fica retirado de pauta e incumbirá à próxima mesa diretora do Senado a definição sobre os desdobramentos em relação a esse projeto”.
O senador Sérgio Moro (União-PR), embora reconhecendo a liberdade individual, expressou preocupação com o “descontrole hoje das bets, das apostas, a meu ver, muito decorrente de uma publicidade excessivamente agressiva”.
Já o senador Espiridião Amin (PP-SC) também se posicionou contra a votação imediata, considerando que o pedido de informações melhoraria a capacidade do Senado em lidar com o assunto. Ele comentou: “A aposta virou um descontrole. Essa é a verdade e, por isso, pelo menos o mal deixou de ser consumado hoje”.
Em resumo, a polêmica em torno da legalização de bingos e cassinos no Brasil levou o Senado a adiar a decisão. A busca por informações adicionais dos ministérios da Saúde e do Desenvolvimento Social demonstra a cautela dos parlamentares em relação às potenciais consequências dessa medida.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.