A posse de Donald Trump para um segundo mandato na presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro de 2025, gera expectativas no mercado financeiro. O banco de investimentos Morgan Stanley elaborou um cenário para os primeiros 100 dias de governo, baseado em promessas de campanha e declarações posteriores do presidente eleito, além das indicações para seu gabinete.
Segundo o Morgan Stanley, Trump poderá adotar medidas unilaterais em diversas áreas, incluindo tarifas comerciais, políticas de imigração e desregulamentação. Uma das principais preocupações é a promessa de tarifas de 60% sobre importações chinesas e uma taxa universal de 10% a 20% sobre produtos de outros países. O banco prevê que essas medidas podem impulsionar a inflação e reduzir significativamente o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA.
O relatório do Morgan Stanley destaca que desafios legais podem atenuar o impacto dessas medidas. Contudo, "Contudo, se as tarifas forem maiores e coincidirem com reformas abrangentes de imigração, pode haver obstáculos adicionais ao crescimento", afirma o documento. Restrições à imigração implementadas antes de políticas pró-crescimento, como cortes de impostos e desregulamentação, podem agravar ainda mais a situação. Adicionalmente, cortes de impostos podem ampliar a dívida e o déficit fiscal americano, podendo "Altos custos de dívida e juros do governo podem, em última análise, se tornarem um obstáculo ao crescimento", alertam Monica Guerra e Daniel Kohen, autores do relatório.
Embora os mercados tenham reagido positivamente à vitória republicana, com alta nas ações e nas criptomoedas, o Morgan Stanley adverte que a 'lua-de-mel' pode ser breve. A desregulamentação ambiental e os cortes de impostos, propostas de campanha de Trump, podem demorar a se concretizar, o que "Isso potencialmente decepcionaria os mercados", segundo Guerra e Kohen. O banco recomenda que os investidores observem três setores: energia, defesa e tecnologia.
No setor de energia, o apoio de Trump às fontes tradicionais, por meio da desregulamentação, pode beneficiar a indústria. No entanto, "Mas a perspectiva para o petróleo permanece incerta devido ao potencial excesso de oferta e ao enfraquecimento da demanda global, principalmente da China", aponta o relatório. O gás natural, por outro lado, pode apresentar crescimento, impulsionado pela demanda europeia e pelo aumento do consumo interno para eletrificação e data centers, em parte para alimentar tecnologias de inteligência artificial. O setor de energia limpa pode enfrentar desafios com a possível reversão de créditos fiscais, embora uma revogação completa seja considerada improvável devido ao investimento prévio em estados e distritos republicanos.
Os gastos com defesa devem permanecer altos em função das tensões geopolíticas. As ações de empresas europeias de defesa superaram as americanas devido às incertezas sobre o envolvimento dos EUA na OTAN e a possibilidade de aumento de gastos com defesa por outros membros da organização, caso os EUA deixem de apoiar a Ucrânia no conflito com a Rússia. A área de tecnologia de defesa também se mostra dividida, com maiores investimentos em segurança cibernética, IA e drones favorecendo empresas menores e especializadas em detrimento das gigantes do setor.
Na área de tecnologia, o setor de criptomoedas e de IA pode se beneficiar de uma postura favorável do governo Trump. No setor de semicondutores, pode haver uma reconfiguração entre as empresas líderes, tendo em vista a priorização da IA como questão de segurança nacional. As empresas de mídia social e de informação podem enfrentar novos desafios regulatórios e antitruste.
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