Lula critica postura dos EUA em caso de deputada trans Erika Hilton e defende soberania brasileira

Lula critica postura dos EUA em caso de deputada trans Erika Hilton e defende soberania brasileira
Marcelo Camargo/Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva manifestou forte discordância em relação ao tratamento dado à deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP) durante a emissão de seu visto diplomático para os Estados Unidos. Em pronunciamento nesta quinta-feira (24), Lula enfatizou que a defesa da identidade de gênero de Erika Hilton e de outras pessoas transgêneros é uma questão de soberania nacional.

Lula instruiu o Ministério das Relações Exteriores a emitir uma nota formal expressando a "inconformidade do Brasil com a ingerência de uma embaixada no passaporte de uma brasileira". A deputada teve sua identidade de gênero desconsiderada no processo de emissão do visto, necessário para sua participação em uma conferência acadêmica nos EUA.

"Érica, o que aconteceu com você, na minha opinião, é abominável", declarou Lula durante reunião no Palácio do Planalto, onde sancionou projetos de lei voltados à proteção dos direitos das mulheres e ao combate à violência de gênero. "Você não foi pedir mudança de sexo, foi pedir passaporte para fazer uma viagem aos Estados Unidos. Era isso que eles deveriam ter te dado. E defender isso é defender a soberania brasileira. É o mínimo que a gente espera", acrescentou. A ação de Lula ocorre em um momento em que seu governo busca **Governo Lula entrega PEC da Segurança Pública ao Congresso Nacional para acelerar combate ao crime**.

Entenda o Caso

Erika Hilton havia sido designada para integrar uma missão oficial da Câmara dos Deputados e participar como palestrante no painel "Diversidade e Democracia" na Brazil Conference at Harvard & MIT 2025. Diante do ocorrido, a deputada optou por cancelar a viagem.

A parlamentar classificou o episódio como um ato de transfobia por parte do governo americano, alegando que sua identidade de gênero foi deliberadamente ignorada pela embaixada dos EUA em Brasília. Segundo documentos apresentados pela equipe de Hilton, a embaixada registrou a deputada com o sexo masculino, mesmo diante da apresentação de sua certidão de nascimento retificada e passaporte brasileiro, que atestam seu gênero feminino. A Embaixada dos Estados Unidos no Brasil não se manifestou sobre os documentos apresentados pela equipe da deputada Érika Hilton.

Em 2023, a mesma embaixada havia emitido um visto para Erika Hilton respeitando sua identidade de gênero. No entanto, em janeiro de 2025, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, emitiu a Ordem Executiva 14168, que define gênero como um conceito binário (masculino ou feminino) e proíbe a autoidentificação de gênero em documentos federais.

Reação no Congresso

Lula também apelou à Câmara dos Deputados e ao Senado Federal para que enviem manifestações ao Congresso dos Estados Unidos, demonstrando seu descontentamento com a situação. Ele ressaltou que nenhuma parlamentar americana seria tratada da mesma forma no Brasil.

"Quem tem o direito de discutir o que essa mulher é, é o Brasil e é ela, sobretudo. É a ciência. Não é o decreto do Trump. Então, é importante que vocês aprendam a ficar inquietas também", disse Lula às parlamentares presentes na cerimônia no Planalto. "Tem que ter um protesto da Câmara dos Deputados brasileira para a Câmara dos Deputados americana, tem que ter uma carta para o Senado americano." Vale lembrar que **Lula sanciona leis para fortalecer a proteção dos direitos das mulheres**, reforçando seu compromisso com a igualdade de gênero.

Em resposta, a embaixada americana no Brasil declarou que os registros de vistos são confidenciais e reafirmou que o governo dos EUA só reconhece os sexos masculino e feminino, “considerados imutáveis desde o nascimento”.

Após a reunião com o presidente, Erika Hilton expressou alívio com o apoio do governo, afirmando que o posicionamento de Lula demonstra que as mulheres trans não estão "abandonadas e isoladas". Ela aguarda agora a posição oficial do Itamaraty sobre o caso. Em outras notícias, **Pedro Lucas declina convite para Ministério das Comunicações e prioriza liderança no União Brasil**.

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