O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta quinta-feira (30) que, caso o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, decida impor tarifas sobre produtos brasileiros, o Brasil adotará medidas equivalentes. “Haverá reciprocidade”, declarou o petista durante coletiva de imprensa no Palácio do Planalto.
A fala foi uma resposta às declarações de Trump, que já mencionou a possibilidade de aumentar taxas de importação para diversos países, incluindo o Brasil. Segundo o republicano, países como Brasil e Índia impõem tarifas elevadas sobre produtos americanos, o que, na visão dele, seria uma prática desleal. Além disso, Trump também já sinalizou que poderia taxar em 100% os países do Brics, caso avancem com planos para reduzir a dependência do dólar nas transações internacionais.
Lula enfatizou que deseja manter uma relação amistosa com os Estados Unidos, mas reforçou a necessidade de respeito mútuo. “Eu quero respeitar os Estados Unidos e quero que o Trump respeite o Brasil. Se ele taxar os produtos brasileiros, haverá reciprocidade do Brasil em taxar os produtos que são importados dos Estados Unidos. Simples, não tem nenhuma dificuldade”, afirmou. Veja vídeo ao final da matéria.
Relação diplomática e soberania nacional
O presidente brasileiro destacou que já lidou com governos democratas e republicanos ao longo de sua trajetória política e que sempre procurou manter boas relações com os Estados Unidos. Ele mencionou ainda que enviou uma carta a Trump desejando sucesso após sua vitória eleitoral.
Lula criticou uma postura intervencionista por parte dos EUA em relação a outros países. “Eu sinceramente, é isso que espero. Não me preocupo se ele vai brigar pela Groenlândia, pelo Golfo do México, pelo Canal do Panamá. Ele só tem que respeitar a soberania dos outros países, é isso”, ressaltou.
Economia e estabilidade fiscal
Durante a coletiva, Lula também comentou sobre o cenário econômico do Brasil, abordando o déficit fiscal projetado para 2024. Segundo o presidente, o déficit de 0,1% do PIB pode ser interpretado como um número insignificante. “Para mim, isso equivale a zero”, argumentou. Ele reafirmou o compromisso com a responsabilidade fiscal, mencionando cortes de gastos realizados no último ano.
O presidente garantiu que novas medidas poderão ser tomadas para assegurar a estabilidade econômica, mas destacou que sua prioridade não é adotar novas contenções de despesas. “Se depender de mim, não haverá outra medida fiscal de contenção de gastos no país”, declarou.
Outro ponto abordado na coletiva foi o aumento do preço dos alimentos no Brasil. Lula anunciou que pretende convocar empresários e produtores para uma discussão sobre o impacto dos custos para os consumidores. Apesar da preocupação com a inflação dos alimentos, o presidente descartou a possibilidade de reduzir as exportações como forma de controle.
Aumento no preço dos combustíveis
O reajuste no preço dos combustíveis também foi discutido. Recentemente, a presidente da Petrobras indicou que pode haver um aumento no valor do diesel, o que gera preocupações, especialmente entre caminhoneiros. Diante desse cenário, Lula descartou qualquer tipo de interferência direta ou congelamento dos preços.
Nos últimos dias, houve movimentação nas redes sociais por parte de caminhoneiros, que alertam para os impactos da possível alta nos combustíveis sobre o preço do frete e, consequentemente, sobre os alimentos. Lula minimizou as preocupações e afirmou que, caso necessário, chamará representantes da categoria para uma reunião.
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