G20 Rio: Segurança reforçada, mas incidente isolado mancha operação bem-sucedida

A cúpula do G20 no Rio de Janeiro, realizada em meados de 2024, contou com um vasto esquema de segurança envolvendo cerca de 22.300 militares das Forças Armadas – 18.500 do Exército, 2.100 da Marinha e 1.600 da Aeronáutica. A operação, denominada ‘Corcovado’, obteve êxito na proteção de chefes de Estado e delegados estrangeiros, segundo avaliação do general de brigada Lucio Alves de Souza, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Leste (CML).

Apesar do sucesso geral, um incidente marcou a operação: na Linha Amarela, próximo à Cidade de Deus, uma tropa do Exército que prestava auxílio a um veículo no acostamento foi alvo de disparos de arma de fogo no domingo, 17 de [mês], véspera da cúpula. “Quando você está com tropa na rua em um ambiente de segurança pública do Rio de Janeiro, que nós todos conhecemos, estava dentro do nosso escopo imaginar que talvez acontecesse isso, e aconteceu”, declarou o general Souza. “Esse foi o único fato que chamou a atenção”, acrescentou ele, ponderando: “Eu não chamo de ataque. Houve um disparo de arma de fogo, e não se tem certeza se foi em direção à tropa ou não.” Não houve feridos, e a tropa prontamente recebeu reforço da Polícia Militar, exemplificando a integração entre forças de segurança.

O general Souza destacou a ausência de ameaças terroristas confirmadas durante o evento, apesar do planejamento de segurança ter contemplado medidas antiterroristas desde antes do incidente em Brasília, em 13 de [mês]. “No planejamento de um grande evento, sempre está o terrorismo. Isso foi feito na Olimpíada [2016], na Copa do Mundo [2014], e esses protocolos que já deram certo foram replicados”, explicou, mencionando varreduras antiexplosivos e ações de conscientização em hotéis e metrô. “Equipes vão nos hotéis para ministrar palestras, indicar os funcionários sobre o que eles têm que ter atenção.” As revistas a populares no Parque do Flamengo, próximo ao Museu de Arte Moderna (MAM), local da cúpula, já eram previstas e não foram intensificadas após o atentado na capital federal.

A operação da Polícia Federal (PF) para prender militares suspeitos de planejar atentados contra o presidente Lula, o vice-presidente Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, ocorrida em 19 de [mês], não afetou a Operação Corcovado, segundo o Exército. Nenhum dos militares presos participou da Garantia da Lei e da Ordem (GLO) durante o G20.

O general avaliou positivamente a operação, atribuindo-lhe a nota máxima. “O evento ocorreu conforme havíamos planejado. O grande objeto era prover a segurança dos chefes de Estado. Esse objetivo foi alcançado”, afirmou. A operação envolveu uma ampla gama de equipamentos e recursos, incluindo 32 veículos blindados, 18 lanchas, 5 navios, 7 helicópteros, 9 aviões, 26 mísseis, 199 motos e 4 equipamentos antidrones. As Forças Armadas realizaram 94 das 388 escoltas, totalizando mais de 5.000 quilômetros. A segurança abrangeu vias terrestres, 27 locais de hospedagem, infraestruturas críticas, áreas marítimas e costeiras, além de escoltas, segurança cibernética e defesa aeroespacial. O general elogiou o fechamento do Aeroporto Santos Dumont, considerado fundamental para a segurança e a fluidez do evento.

Apesar do sucesso da operação, o general ressaltou os limites constitucionais que impedem as Forças Armadas de realizarem ações de segurança pública fora do contexto da GLO. “Quando nós somos empregados, precisa desse decreto de GLO. A Constituição é o que nos baliza”, enfatizou. Ele também destacou a colaboração da população carioca como um elemento-chave para o êxito da operação. “O carioca, como sempre, recebeu muito bem os visitantes e entendeu que as medidas que foram tomadas nesse evento eram necessárias para que a gente pudesse ter um evento seguro, tranquilo e reforçasse a capacidade do Rio de Janeiro de fazer esse grandes eventos.”