Com mais de 170 milhões de usuários no país, o WhatsApp se tornou uma ferramenta indispensável para a comunicação diária dos brasileiros. Mas essa popularidade também chamou a atenção de criminosos. Hoje, golpes aplicados pelo WhatsApp representam uma das maiores ameaças à segurança digital no Brasil, atingindo desde usuários comuns até empresas.
A facilidade de contato direto, a confiança natural em mensagens de amigos e familiares e a pouca formalidade na comunicação criaram o ambiente perfeito para ações criminosas que vão desde a clonagem de contas até a aplicação de golpes financeiros em larga escala.
Neste guia do Portal N10 explicamos como os golpes acontecem, como identificar sinais de fraude, como se proteger de maneira efetiva e o que fazer caso seja vítima. Conhecimento é a melhor defesa.
📈 O crescimento alarmante dos golpes no WhatsApp
Dados da PSafe indicam que, somente em 2024, foram detectados mais de 4 milhões de tentativas de golpes por aplicativos de mensagem no Brasil. E especialistas alertam: o número pode ser ainda maior, já que boa parte dos casos não é reportada formalmente.
Os golpes não se restringem a usuários desatentos. Pessoas instruídas, profissionais da saúde, empresários e até órgãos públicos foram vítimas nos últimos anos.
O aumento dos ataques está diretamente relacionado a:
- Popularização do uso de aplicativos de mensagens
- Crescente exposição de dados pessoais na internet
- Falta de autenticação reforçada nas contas
- Avanço das técnicas de engenharia social usadas pelos criminosos
🎣 Como funcionam os golpes aplicados pelo WhatsApp?
Os golpes mais comuns envolvem a combinação de engenharia social e fraude tecnológica. Em geral, o criminoso:
- Obtém o número da vítima (por vazamento de dados, pesquisa em redes sociais ou sites).
- Tenta se apropriar da conta, pedindo o código de ativação enviado por SMS.
- Se consegue acesso, passa a se comunicar com os contatos da vítima, solicitando transferências financeiras sob falsos pretextos.
- Em outros casos, o criminoso envia links de phishing, boletos falsos ou anúncios fraudulentos.
O objetivo final quase sempre é obter dinheiro rápido ou coletar mais dados pessoais para aplicar novos golpes.
📧 Tipos mais comuns de golpes por WhatsApp
1. Clonagem de conta
A vítima recebe uma ligação ou mensagem se passando por alguma empresa de confiança. Durante o contato, pedem para confirmar um código enviado por SMS — que, na verdade, é o código de ativação do WhatsApp. Ao fornecer, a vítima perde o acesso à conta, que é controlada pelo criminoso.
Prevenção: nunca forneça códigos de segurança enviados ao seu celular. Nem o próprio WhatsApp pede essa confirmação de forma ativa.
🔒 Dica essencial: manter a Verificação em Duas Etapas (2FA) ativa no WhatsApp. Aprenda a configurar no nosso guia sobre a importância da verificação em dois fatores.
2. Golpes financeiros entre contatos
Uma vez com o acesso à conta, o golpista começa a enviar mensagens para os contatos da vítima, solicitando dinheiro emprestado, compras de gift cards ou depósitos bancários, geralmente com caráter urgente.
Frases comuns usadas pelos criminosos:
- “Oi, tudo bem? Estou com um problema e preciso fazer um depósito urgente. Pode me ajudar?”
- “Troquei de número. Pode me salvar nos seus contatos?”
- “Estou com meu limite estourado, pode pagar um boleto para mim e eu te reembolso amanhã?”
Prevenção: sempre ligue para o contato por outra via antes de transferir qualquer valor.
3. Links falsos e promoções
Circulam com frequência mensagens contendo links prometendo promoções, brindes ou vagas de emprego irresistíveis. Ao clicar, a vítima pode ser redirecionada para páginas falsas que coletam dados ou instalam malware no dispositivo.
Essa prática está diretamente ligada ao que já explicamos no conteúdo sobre golpes de phishing e como se proteger.
4. Falsos boletos
Em golpes mais elaborados, criminosos enviam boletos falsificados pelo WhatsApp, se passando por empresas de cobrança ou prestadores de serviço. Ao pagar, o dinheiro vai para contas de laranjas.
Dica prática: sempre verifique a autenticidade do boleto, conferindo o CNPJ do beneficiário e usando os canais oficiais da empresa.
🛡️ Como se proteger efetivamente no WhatsApp?
✅ 1. Ative a Verificação em Duas Etapas
Esse recurso adiciona uma senha adicional na ativação do seu número em qualquer dispositivo. Para configurar:
- Acesse Configurações > Conta > Confirmação em duas etapas
- Defina um PIN de seis dígitos
- Opcionalmente, adicione um e-mail de recuperação
Além de proteger contra a clonagem de conta, essa configuração é simples e gratuita.
✅ 2. Cuide de suas informações pessoais
Evite expor seu número de celular em redes sociais, cadastros públicos ou sites que não sejam confiáveis.
Quanto menos dados disponíveis, menores as chances de ser vítima de engenharia social.
✅ 3. Suspeite de mensagens incomuns
Mudanças de número, pedidos de dinheiro, ofertas muito boas para serem verdade — tudo deve gerar uma dúvida imediata.
Tente confirmar com a pessoa usando outra forma de contato.
✅ 4. Use senhas fortes e únicas em seus e-mails e serviços vinculados
Muitos golpes começam com a invasão do e-mail principal associado à sua conta do WhatsApp.
Veja como criar combinações realmente seguras no nosso guia sobre como criar senhas fortes e seguras.
👨💻 Especialista alerta: golpes estão cada vez mais personalizados
Para a analista de segurança digital Daniela Souza, o fator humano é o elo mais fraco na proteção contra fraudes:
“Não basta ter tecnologia de ponta. Os criminosos estudam o comportamento das vítimas, adaptam a linguagem e até manipulam emoções para ganhar confiança. Se a pessoa não estiver atenta, acaba fornecendo dados sem perceber“, disse ao Portal N10.
Segundo ela, reforçar a desconfiança saudável é o melhor caminho:
“Desconfie sempre de pedidos fora do padrão. E lembre-se: qualquer ação financeira deve ser confirmada por canais oficiais, nunca exclusivamente pelo WhatsApp“, conclui.
🚔 Foi vítima de golpe? Veja o que fazer imediatamente
- Acesse o WhatsApp e tente recuperar sua conta com a opção “Entrar novamente” usando seu número.
- Avise seus contatos imediatamente para que não caiam em golpes.
- Registre um boletim de ocorrência (BO) — muitos estados permitem fazer o BO online.
- Entre em contato com o seu banco se houver envolvimento financeiro.
- Monitore o CPF através de serviços de proteção ao crédito.
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