Suécia endurece regras de cidadania exigindo ‘vida honesta’ e respeito aos valores liberais

A Suécia implementará novas regras para a concessão de cidadania, exigindo que imigrantes demonstrem ter levado uma “vida honesta” e se comprometam a respeitar os valores liberais da nação nórdica. As mudanças, anunciadas pelo Ministro da Migração, Johan Forssell, foram propostas por uma comissão governamental e adotadas nesta semana, com previsão para entrar em vigor em 2026.

Sob o novo sistema, os candidatos à cidadania sueca precisarão comprovar residência no país por oito anos, além de demonstrar uma “vida honesta”, sem condenações criminais ou dívidas pendentes, tanto antes quanto depois de sua chegada à Suécia. As regras atuais avaliam a conduta dos imigrantes somente após a sua entrada no país, e o tempo mínimo para solicitar a cidadania é de cinco anos.

Forssell destacou a importância destas novas diretrizes, especialmente considerando o grande número de pessoas vindas de várias partes do mundo nos últimos anos, afirmando que “é preciso sentir orgulho de ser um cidadão sueco, e esse orgulho só surge quando há esforço para isso.”.

O ministro também detalhou que os imigrantes deverão provar sua aceitação aos valores suecos, incluindo a igualdade de gênero e o respeito à comunidade LGBTQIA+. “Se você não aceita isso, a Suécia não é o país para você”, declarou Forssell. A coletiva de imprensa ocorreu quatro meses após o anúncio de um programa de incentivo financeiro para que imigrantes retornassem aos seus países de origem, uma mudança radical na política migratória sueca.

Em 2015, a então Ministra das Relações Exteriores, Margot Wallstrom, declarou a Suécia uma “superpotência humanitária”, abrindo as fronteiras para mais de 160.000 solicitantes de asilo, um número per capita superior ao de qualquer outro país europeu. Desde então, cerca de um milhão de pessoas, majoritariamente do Oriente Médio e do Norte da África, imigraram para a Suécia.

Esse fluxo migratório coincidiu com o aumento da criminalidade violenta. Os casos de homicídio e assassinato quase dobraram entre 2012 e 2023 e os crimes sexuais aumentaram 56% entre 2013 e 2021. Uma investigação de 2017 do jornal Dagens Nyheter apontou que 90% dos autores de tiroteios na Suécia são imigrantes de primeira ou segunda geração.

No final de 2023, o Primeiro-Ministro Ulf Kristersson prometeu tomar medidas contra o aumento da criminalidade entre imigrantes, após o assassinato de três pessoas em 12 horas devido a uma disputa entre gangues de tráfico de drogas do Oriente Médio. Em agosto passado, o governo sueco também anunciou que, pela primeira vez em um século, o número de pessoas deixando o país era maior que o número de chegadas.

Outra recomendação da comissão governamental é a revogação da cidadania de indivíduos com dupla nacionalidade que cometerem crimes que representem ameaça à segurança nacional. O Ministro da Justiça, Gunnar Strommer, informou que o parlamento votará a questão no próximo ano.