Milhares de cidadãos sul-coreanos foram às ruas de Seul neste sábado (4), em manifestações que refletem a profunda divisão política do país. Os protestos, que ocorreram em frente à residência presidencial e em diversas vias da capital, opõem grupos que exigem a prisão do presidente afastado, Yoon Suk Yeol, e aqueles que pedem a anulação de sua destituição.
A crise política na Coreia do Sul se intensificou no último mês, com Yoon confinado na residência presidencial e protegido por uma forte guarda de segurança, que tem resistido às tentativas de prisão por parte das autoridades. A situação escalou após a breve imposição da lei marcial pelo presidente em 3 de dezembro, ato que gerou acusações de "insurreição", um crime que pode levar à prisão perpétua ou pena de morte.
Reivindicações e Conflitos
Os manifestantes pró-Yoon argumentam que sua detenção pode comprometer a aliança de segurança com os Estados Unidos e o Japão, considerando a proteção do presidente como uma salvaguarda contra ameaças da Coreia do Norte. “Proteger o presidente Yoon significa salvaguardar a segurança do nosso país frente às ameaças da Coreia do Norte”, declarou Kim Chul-hong, um manifestante de 60 anos.
Por outro lado, membros da Confederação Coreana de Sindicatos, o maior grupo sindical do país, tentaram marchar até a residência presidencial para protestar contra Yoon, mas foram impedidos pela polícia. A confederação relatou que dois de seus membros foram detidos e outros ficaram feridos durante os confrontos.
A Tentativa Frustrada de Prisão
Na sexta-feira, investigadores tentaram cumprir o mandado de prisão contra o presidente, mas foram impedidos pela guarda presidencial. Após um confronto tenso, os investigadores decidiram recuar, alegando preocupação com a própria segurança. A ordem de prisão, que expira na segunda-feira, encontra-se em um limbo. Apesar disso, o Departamento de Investigação de Corrupção pode tentar prendê-lo novamente ou solicitar outro mandado caso o atual expire.
Enquanto isso, o ministro das Finanças, Choi Sang-mok, nomeado presidente interino, foi solicitado a apoiar a ordem de prisão, exigindo a cooperação do serviço de segurança presidencial. Os advogados do presidente afastado, por sua vez, classificaram o mandado como “ilegal e inválido”, prometendo entrar com “ações legais” contra ele.
Implicações e Próximos Passos
O Tribunal Constitucional já agendou para o dia 14 de janeiro o início do julgamento de destituição de Yoon, o qual prosseguirá mesmo em sua ausência, caso ele não compareça. Esse cenário de instabilidade política tem gerado preocupação, levando os Estados Unidos, principal aliado da Coreia do Sul, a pedir um “caminho estável” para o futuro. O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, planeja manter diálogos em Seul sobre as relações entre os países e também com a Coreia do Norte na próxima segunda-feira.
A situação na Coreia do Sul permanece tensa, com a possibilidade de Yoon se tornar o primeiro presidente do país a ser preso durante o mandato. O desfecho dessa crise política é aguardado com apreensão pela comunidade internacional.
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