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Diabetes em pets: como identificar e tratar a doença em cães e gatos

O diagnóstico de diabetes em um animal de estimação pode ser um choque para os tutores. Infelizmente, cerca de 20% dos cães e gatos diagnosticados com a doença são eutanasiados dentro de um ano devido ao impacto na saúde dos pets e no estilo de vida e finanças de seus donos. Contudo, a diabetes pode ser gerenciada. Em gatos, um tratamento precoce eficaz pode levar à remissão da doença, o que não ocorre em cães.

A diabetes em cães e gatos é relativamente comum, embora menos do que em humanos, afetando cerca de 1,5% dos cães e entre 0,5% e 1% dos gatos. Mas, o que é exatamente a diabetes? Quais são os sinais de alerta e como controlar a doença?

O que é diabetes?

A glicose é a principal fonte de energia do corpo. A insulina, um hormônio produzido no pâncreas, regula os níveis desse açúcar no sangue, sua captação pelas células e seu armazenamento no fígado e músculos. Em animais com diabetes, o corpo não secreta insulina suficiente, resultando em altos níveis de glicose (hiperglicemia) e sinais clínicos associados.

Algumas raças e cadelas não castradas têm mais risco de desenvolver a doença. Animais de meia-idade, idosos e obesos também são mais propensos.

A diabetes mellitus é classificada em quatro tipos principais:

1. Diabetes Tipo 1

Resulta da destruição autoimune das células pancreáticas produtoras de insulina. Ocorre quando o sistema imunológico ataca essas células por engano. Esse tipo é comum em cães, mas raro em gatos, com início geralmente insidioso em cães de meia-idade.

2. Diabetes Tipo 2

Caracteriza-se pela resistência à insulina e disfunção nas células que a produzem. É a forma mais comum em gatos, mas rara em cães. Os principais fatores de risco são obesidade, idade avançada, genética, inatividade física e uso de glicocorticóides. Em estágios iniciais, pode ser controlada com medicamentos que reduzem a glicose no sangue, formalmente conhecidos como inibidores de SGLT2. Em casos mais avançados, injeções de insulina são essenciais. Para gatos, a insulina de longa duração geralmente controla melhor os níveis de glicose no sangue do que as insulinas de ação intermediária usadas em cães. A perda de peso também é importante para animais obesos, sendo que a taxa máxima segura é de 1-2% do peso corporal por semana em gatos.

3. Outros tipos específicos

Alguns tipos de diabetes são causados por outras condições médicas, como pancreatite crônica, comum em cães diabéticos, ou acromegalia em gatos, onde o excesso de hormônio do crescimento causa resistência à insulina.

4. Diabetes Diestro e Gestacional

Pode ocorrer em cadelas mais velhas após o cio, quando o aumento do hormônio do crescimento das glândulas mamárias neutraliza a insulina. A diabetes gestacional é muito rara em animais de estimação.

Quais são os sinais a serem observados?

Os sinais de diabetes geralmente aparecem lentamente ao longo de semanas ou meses. Se o diagnóstico for tardio, a saúde do animal pode deteriorar-se rapidamente em 24-48 horas, podendo levar à morte sem tratamento imediato. Os sinais incluem aumento da sede e da micção, aumento do apetite e perda de peso. No entanto, alguns cães e até 50% dos gatos diabéticos podem apresentar redução do apetite. Gatos diabéticos podem mudar a postura, adotando uma posição de pés chatos, e perder a capacidade de pular. Cães diabéticos são propensos a catarata.

O diagnóstico envolve documentar níveis persistentemente altos de glicose no sangue, juntamente com glicose na urina. Testes específicos podem confirmar o diagnóstico medindo a glicose média no sangue nas últimas semanas. Em gatos, o diagnóstico precoce pode ser difícil porque o estresse da visita ao veterinário geralmente eleva os níveis de glicose no sangue, sendo necessárias várias medições ou análise de urina para confirmar o diagnóstico.

Novembro é o mês da conscientização sobre a diabetes em pets, e os sinais a serem observados são aumento da ingestão de água, micção frequente, aumento do apetite, perda de peso e letargia. Em caso de dúvidas ou preocupações, procure um veterinário para criar um plano de tratamento ou medidas preventivas para seu pet.

Quais são as opções de tratamento?

O monitoramento e tratamento personalizados podem melhorar a qualidade de vida e reduzir as taxas de eutanásia. Em gatos, a intervenção precoce pode atrasar o aparecimento da diabetes clínica e reduzir a necessidade de tratamento prolongado com insulina. A terapia com insulina continua sendo a base do tratamento. As opções variam desde insulina de ação rápida para controle imediato até insulina de ação intermediária e longa para o manejo diário. Em cães, os tipos de insulina mais usados são conhecidos como “lente suína” ou “protamina zinco”. Horários regulares de alimentação e exercícios ajudam a estabilizar a glicose no sangue.

Inibidores de SGLT2 quase não apresentam risco de sinais clínicos decorrentes de baixa glicose no sangue (hipoglicemia) e podem ser administrados com alimentos, o que pode ajudar a superar barreiras comuns ao tratamento. No entanto, esses tratamentos são mais eficazes com o diagnóstico precoce, pois exigem que o gato ainda produza insulina suficiente para suprimir a formação de cetonas. O monitoramento de cetonas é crucial nas primeiras semanas de tratamento para evitar complicações fatais. Para gatos com sinais mais avançados de diabetes, a secreção de insulina provavelmente não é suficiente para o controle com inibidores de SGLT2 orais, e injeções de insulina são necessárias, sendo a insulina de ação mais longa mais eficaz para induzir a remissão.

Mudanças na dieta são essenciais. Dietas com baixo teor de carboidratos melhoram as taxas de remissão para gatos quando combinadas com insulina de longa duração. No entanto, essas dietas podem não ser adequadas ao usar inibidores de SGLT2. Em gatos recém-diagnosticados sem outras condições médicas, o controle rigoroso dos níveis de glicose no sangue pode levar à remissão em até 80% dos casos. O controle de peso contínuo é fundamental para manter a remissão sem outros tratamentos. Cães raramente alcançam a remissão porque a destruição das células produtoras de insulina na diabetes tipo 1 é irreversível.

Gatos e cães diabéticos podem ter uma boa vida

A diabetes em cães e gatos é controlável com cuidados veterinários adequados, comprometimento do proprietário e ajustes na dieta e no peso corporal. Avanços no monitoramento da glicose em casa, incluindo monitores contínuos, permitem que veterinários e donos de pets acompanhem e controlem melhor a glicose no sangue. Para a maioria dos cães diabéticos, essa é uma condição vitalícia. Para gatos, a perspectiva de remissão reforça a necessidade de conscientização sobre os sintomas precoces e cuidados veterinários iniciais.

Com controle de peso, dieta, monitoramento de glicose e ajustes na dose de insulina, animais de estimação com diabetes podem viver vidas saudáveis e plenas.

Jacquie Rand, Professora Emérita de Saúde Animal de Companhia, The University of Queensland

Este artigo é republicado de The Conversation sob uma licença Creative Commons. Leia o artigo original.

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Romário Nicácio

Administrador de redes, estudante de Ciências e Tecnologia (C&T) e Jornalismo, que também atua como redator de sites desde 2009. Co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, com um amplo conhecimento em diversas áreas. Com uma vasta experiência em redação, já contribuí para diversos sites de temas variados, incluindo o Notícias da TV Brasileira (NTB) e o Blog Psafe. Sua paixão por tecnologia, ciência e jornalismo o levou a buscar conhecimentos nas áreas, com o objetivo de se tornar um profissional cada vez mais completo. Como co-fundador do Portal N10 e do N10 Entretenimento, tenho a oportunidade de explorar ainda mais minhas habilidades e se destacar no mercado, como um profissional dedicado e comprometido com a entrega de conteúdo de qualidade aos seus leitores. Para entrar em contato comigo, envie um e-mail para [email protected].

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