Mercado reage à posse de Trump com dólar em alta e incertezas na economia

Mercado reage à posse de Trump com dólar em alta e incertezas na economia
Imagem De Edson Souza via Adobe Stock

A posse de Donald Trump como o 47º presidente dos Estados Unidos, ocorrida nesta segunda-feira (20), já causa reflexos no mercado financeiro global. Especialistas apontam um cenário de incertezas na economia, com o dólar fortalecido e a possibilidade de manutenção de juros elevados. Trump, em seu discurso de posse, sinalizou medidas como o aumento de tarifas de importação e restrições à imigração, além de prometer combater a inflação.

O mercado financeiro vinha monitorando as possíveis ações do novo governo, e agora, com Trump no poder, a atenção é ainda maior. As medidas anunciadas, como o aumento das tarifas de importação, podem gerar um aumento da inflação nos EUA. A política anti-imigração, por sua vez, pode impactar a oferta de mão de obra e, consequentemente, os salários no país. A renúncia de impostos para empresas americanas também é vista com ressalvas, devido ao potencial impacto nas contas públicas dos EUA.

Efeitos nos juros e no câmbio

Esses fatores devem dificultar o controle dos preços por parte do Federal Reserve (Fed), o que indica a manutenção dos juros elevados nos EUA. Juros mais altos tornam os títulos públicos americanos mais atraentes, levando investidores a direcionarem recursos para o país e valorizando o dólar em relação a outras moedas. Essa dinâmica altera o fluxo de investimentos em todo o mundo.

No Brasil, os efeitos já se fazem sentir. O dólar, que estava cotado a R$ 5,74 no dia da eleição de Trump, chegou a R$ 6. Segundo o boletim Focus, do Banco Central, a expectativa é que a moeda americana se mantenha nesse patamar até o fim de 2025. Para tentar conter a valorização do dólar e com as taxas de juros mais altas nos EUA, o Banco Central do Brasil pode ter que subir a taxa Selic, o que deve desacelerar a economia e encarecer o crédito no país. O Focus também aponta para uma Selic a 15% ao ano em 2025.

O Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, também tem sofrido com esse cenário, perdendo a marca dos 130 mil pontos desde a eleição de Trump e estando atualmente na casa dos 122 mil pontos.

O mercado espera de Trump:

  • Inflação e alta dos juros;
  • Dólar e economia americana mais fortes;
  • Bitcoin em ascensão.

Inflação e alta dos juros

O mercado financeiro global teme o potencial inflacionário do governo Trump. As promessas de aumentar tarifas de importação e deportar imigrantes em massa são os principais motivos. Caso as tarifas se confirmem, a importação ficará mais cara, incentivando o consumo interno e aquecendo a economia. Já as deportações em massa podem diminuir a oferta de mão de obra, elevando os salários. Ambos os fatores podem gerar inflação.

Em seu primeiro discurso, Trump mencionou o combate à inflação, criticando a taxa atual de 2,9% em 12 meses, e prometendo condições para que sua equipe reduza os preços no país.

Dólar e economia americana mais fortes

A visão geral é de que Trump favorecerá o mercado financeiro e os negócios nos Estados Unidos, com a possibilidade de queda no desemprego e aumento da atividade econômica. Isso impulsionaria o mercado de ações e fortaleceria o dólar, um cenário que, segundo analistas, é complicado para o Brasil, atraindo recursos para os EUA e dificultando o desempenho da bolsa brasileira.

Economistas alertam que o protecionismo de Trump pode afetar negativamente o crescimento da China, que por sua vez tende a demandar menos commodities, o que impactaria empresas como a Vale e prejudicaria o Ibovespa.

Entretanto, um dólar mais forte pode beneficiar as exportações brasileiras, tornando-as mais competitivas, mas ao mesmo tempo, os produtos importados ficam mais caros, podendo pressionar a inflação local.

Bitcoin em ascensão

O bitcoin, por sua vez, tem apresentado um movimento de alta. Após mudar seu posicionamento em relação aos criptoativos, Trump passou a sinalizar um ambiente regulatório mais favorável para as moedas digitais. O bitcoin ultrapassou a cotação de US$ 100 mil pela primeira vez e, nesta segunda-feira (20), chegou a US$ 109 mil, um recorde histórico. A tendência é de que a criptomoeda continue em ascensão neste primeiro ano de governo.

A mudança de postura de Trump em relação aos criptoativos impulsionou o mercado, fazendo com que o bitcoin atingisse um recorde histórico. Segundo especialistas, a moeda digital deve seguir em alta, ao menos no primeiro ano de governo. Antes considerado um ativo muito exposto às taxas de juros, o bitcoin agora parece ter se desvinculado dessa relação, valorizando-se mesmo com os juros em alta. A agenda regulatória favorável do novo presidente também contribui para esse otimismo.

Analistas apontam que Trump pode vir a utilizar o bitcoin para compor as reservas norte-americanas, o que aumentaria a demanda pelo criptoativo e elevaria ainda mais seu preço.

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