Recuperação judicial de empresas registra alta de 6,9% no primeiro trimestre de 2025, aponta levantamento

Recuperação judicial de empresas registra alta de 6,9% no primeiro trimestre de 2025, aponta levantamento
Fernando Frazão/Agência Brasil

Um levantamento recente da consultoria RGF & Associados revela um aumento de 6,9% no número de empresas em Recuperação Judicial (RJ) no Brasil durante o primeiro trimestre de 2025. O estudo, que acompanha a quantidade de empresas utilizando essa medida, aponta que em março o país registrou 4.881 empresas em RJ, um aumento em relação às 4.568 contabilizadas em dezembro de 2024.

O relatório indica ainda que, das 203 empresas que saíram da Recuperação Judicial neste primeiro trimestre, 80% conseguiram retomar suas operações sem supervisão judicial. Contudo, 2% tiveram seus registros baixados, encerrados, ou foram classificadas como inaptas ou suspensas devido a pendências, enquanto 18% enfrentaram a falência.

Causas e Perspectivas

De acordo com a RGF & Associados, as principais causas que levam as empresas a recorrerem à Recuperação Judicial são as elevadas taxas de juros e problemas de gestão, com destaque para o setor agroindustrial. Em um cenário onde o custo de vida impacta diretamente o bolso do consumidor, notícias como a da cesta básica com alta de preços em 15 capitais brasileiras em abril, reforçam a necessidade de atenção à saúde financeira das empresas.

Rodrigo Gallegos, administrador de empresas especialista em reestruturações e sócio-consultor da RGF, destaca o crescimento do mercado de investimentos em empresas em recuperação, impulsionado pelo modelo DIP (Debtor-in-Possession): "Por outro lado, a gente observa um crescimento expressivo no mercado de investimentos em empresas em recuperação, impulsionado pelo modelo DIP (Debtor-in-Possession)". Outro fator que merece destaque é a recente sinalização do governo federal em apoiar a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, o que pode trazer novos desafios e oportunidades para o mercado de trabalho e para as empresas em geral.

Gallegos prevê que o número de reestruturações continuará a crescer ao longo de 2025, refletindo a desaceleração da economia e os desafios enfrentados por setores que demandam grande volume de capital. Setores como o do Rio Grande do Norte, por exemplo, veem a construção civil apresentando queda, o que pode levar a um aumento da necessidade de reestruturações.

Análise Setorial

O monitoramento da RGF & Associados, realizado a partir de dados públicos e que analisa a situação de 2,1 milhões de empresas, indica que o setor industrial lidera o número de empresas em processo de reestruturação, com 1.112 casos – o maior volume desde o início da série histórica. Dentro deste setor, há uma predominância de empresas ligadas ao agronegócio, como usinas sucroalcooleiras, laticínios e frigoríficos. Em um contexto mais amplo, a dívida pública federal, que ultrapassa R$ 7,5 trilhões, pode influenciar as condições de crédito e a saúde financeira das empresas.

Após a indústria, o setor de serviços é o que mais recorre à Recuperação Judicial, com 1.105 pedidos, seguido pelo comércio (996), infraestrutura, energia e saneamento (992), agropecuária (341) e outros setores (335). Em contrapartida, alguns setores podem se beneficiar, como os 98 municípios do RN que têm a economia impulsionada por royalties de petróleo e gás.

Metodologia do Estudo

O estudo da RGF & Associados, realizado desde junho de 2023, exclui empresas com CNPJs não ativos, microempresas (MEs) – devido à baixa representatividade em Recuperação Judicial em relação ao total de empresas deste tipo –, ONGs, entidades governamentais e filiais, para garantir que cada empresa seja contabilizada como uma unidade jurídica única.

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