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STF nega passaporte a Bolsonaro e cita risco de fuga para evitar punição

O passaporte de Bolsonaro foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa que teria atuado para tentar um golpe de Estado.

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, indeferiu o pedido do ex-presidente Jair Bolsonaro para a liberação de seu passaporte, que está retido desde fevereiro de 2024. A decisão impede que Bolsonaro viaje aos Estados Unidos para acompanhar a posse do presidente eleito Donald Trump, agendada para a próxima segunda-feira (20). De acordo com Moraes, há um risco de fuga do ex-presidente para evitar possíveis punições no âmbito das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado.

Moraes fundamentou sua decisão em declarações recentes de Bolsonaro e seu filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro, que, segundo o ministro, indicam uma intenção de evadir-se do país. O ministro mencionou que ambos defenderam publicamente a fuga de condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 para a Argentina.

O ministro também citou uma entrevista de Bolsonaro à Folha de S.Paulo, na qual ele considerou a possibilidade de pedir asilo político para evitar responsabilização penal no Brasil. Segundo o ministro, o cenário que levou à apreensão do passaporte ainda persiste, com a possibilidade de o ex-presidente tentar burlar a lei penal.

O pedido de devolução do passaporte foi feito pela defesa de Bolsonaro com o argumento de que ele teria sido convidado para a posse de Trump. No entanto, Moraes afirmou que não houve apresentação de documentos que comprovassem um convite oficial. O ministro destacou que a defesa apresentou um email “não identificado”, sem detalhes da programação do evento. Mesmo sem a comprovação do convite, o ministro analisou o pedido, negando-o.

O Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, também se manifestou contrário à liberação do passaporte de Bolsonaro. Gonet argumentou que a viagem não atende ao interesse público e que o ex-presidente não demonstrou a necessidade imprescindível da viagem para justificar a quebra da medida cautelar imposta pela justiça. Segundo o PGR, o pedido visa satisfazer um interesse privado de Bolsonaro, que não se sobrepõe ao interesse público de mantê-lo no Brasil.

O passaporte de Bolsonaro foi apreendido durante a Operação Tempus Veritatis, que investiga uma suposta organização criminosa que teria atuado para tentar um golpe de Estado e abolir o Estado Democrático de Direito no Brasil. A defesa do ex-presidente já havia tentado reaver o documento em outras duas ocasiões, sem sucesso.

Em entrevista ao The New York Times, Bolsonaro se mostrou feliz com o convite para a posse de Trump e disse estar se sentindo “como uma criança“. Ele também teria afirmado que “pede a Deus” pela chance de “apertar a mão” do aliado. O convite teria sido enviado para o filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro.

Ao comentar sobre as investigações da trama golpista, Bolsonaro afirmou estar sendo “vigiado o tempo todo“. Sobre sua inelegibilidade decretada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) até 2030, o ex-presidente caracterizou a decisão como “um estupro da democracia”.

Além disso, Bolsonaro elogiou a recente decisão de Mark Zuckerberg de “trabalhar com o presidente Trump para reagir contra governos ao redor do mundo” que estariam “perseguindo empresas americanas e provocando censura“. O fim de iniciativas de moderação de conteúdo nas redes sociais foi visto como positivo pelo ex-presidente.

Na decisão de 16 páginas, Moraes rebate as alegações de Bolsonaro, destacando que o ex-presidente já defendeu publicamente a fuga de condenados pelos atos de 8 de janeiro para outros países. Segundo o ministro, essa postura levanta a possibilidade de o próprio Bolsonaro tentar fugir do país. Moraes citou ainda publicações do ex-presidente nas redes sociais defendendo a fuga de condenados pelo STF e a permanência clandestina no exterior, especialmente na Argentina. O ministro também mencionou que Eduardo Bolsonaro corroborou essa narrativa em diversas ocasiões.

Para aliados de Bolsonaro, a decisão de Moraes antecipa o tom do voto do ministro no julgamento da trama golpista. A decisão do ministro foi considerada “mais dura que o parecer da PGR” por um integrante do PL.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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