Justiça

Prisão de Braga Netto: PF encontra provas robustas de obstrução à Justiça

O general Walter Braga Netto, ex-ministro do governo Bolsonaro, foi preso neste sábado (14/12/2024). A Polícia Federal (PF) reuniu um robusto conjunto de provas que apontam para a sua participação em atos de obstrução à Justiça, relacionados à investigação sobre o desvio de joias e um suposto plano golpista para impedir a posse do presidente Lula. A prisão de Braga Netto foi decretada pelo STF por tentativa de obstrução da Justiça.

Mensagens apagadas e recuperadas

A investigação teve um ponto de virada com a análise do celular do general Mauro César Lourena Cid, pai do ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid. A PF recuperou mensagens apagadas que revelam uma “intensa troca” entre Braga Netto e o general Cid, com o tema central sendo o desvio de joias ocorrido em agosto de 2023. O nome de Braga Netto estava salvo no celular do general Cid como “Walter BN”.

Outras conversas recuperadas, datadas de 12 de setembro, mostram o general Mário Fernandes informando ao coronel reformado Jorge Kormann que os pais de Mauro Cid contataram os generais Braga Netto e Augusto Heleno, também ex-ministro do governo Bolsonaro, relatando que as informações divulgadas pela imprensa sobre a delação de Mauro Cid eram “tudo mentira”.

Documentos e depoimentos

A PF encontrou, na sede do Partido Liberal (PL), em Brasília, uma folha com perguntas e respostas na mesa do coronel Flávio Peregrino, assessor direto de Braga Netto. As perguntas, supostamente feitas por Braga Netto, buscavam informações sobre o conteúdo da delação de Mauro Cid, com questionamentos como “O que foi delatado?”. Uma resposta encontrada dizia: “Nada. Eu não entrava nas reuniões. Só colocava o pessoal para dentro”. O ex-ajudante de ordens negou a autoria das respostas em depoimento à PF.

Em seu depoimento ao delegado Fábio Shor, Mauro Cid afirmou: “Talvez intermediários pudessem estar tentando chegar perto de mim, até pessoalmente, para tentar entender o que eu falei, querer questionar, mas como eu não podia falar, eu meio que desconversava e ia para outros caminhos, para não poder revelar o que foi falado”.

Mauro Cid confirmou, em depoimento à PF, que Braga Netto tentou obter informações sigilosas de seu depoimento através de seu pai. O general Cid também confirmou ter sido procurado por Braga Netto no dia 6 de dezembro.

Financiamento de operação golpista

A PF aponta que Braga Netto financiou a operação “Punhal Verde e Amarelo”, um plano golpista para impedir a posse do presidente Lula. De acordo com as investigações, Braga Netto entregou dinheiro em espécie, em uma sacola de vinho, ao então major Rafael de Oliveira para financiar as despesas da operação. Esse dinheiro foi usado para a compra de celulares e chips para comunicação entre os envolvidos. A PGR endossa a decisão da prisão de Braga Netto e aponta obstrução à Justiça.

A PF também acusa Braga Netto de ter participado do planejamento e financiamento de um golpe de Estado, que incluía a detenção ilegal e possível execução do ministro Alexandre de Moraes (então presidente do TSE), “com uso de técnicas militares e terroristas, além de possível assassinato dos candidatos eleitos nas eleições de 2022 (Lula e Alckmin)”.

Papel de liderança segundo o STF

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), destacou na decisão pela prisão de Braga Netto o seu “verdadeiro papel de liderança, organização e financiamento” nos atos investigados. Moraes também ressalta a atuação reiterada do general para “embaraçar as investigações”, especialmente relacionadas às “ações operacionais ilícitas executadas pelos investigados integrantes de Forças Especiais”. Moraes lembra ainda que militares com formação em forças especiais do Exército se reuniram na casa de Braga Netto em 12 de novembro de 2022 para planejar ações de monitoramento contra autoridades. A prisão de Braga Netto por obstrução à investigação sobre um possível golpe de 2022 foi confirmada pela Polícia Federal.

A Agência Brasil tentou contato com a defesa de Braga Netto.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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