A Justiça de São Paulo determinou a paralisação das obras de construção de túneis do Complexo Viário da Rua Sena Madureira, na zona sul da capital. A decisão, em forma de liminar, foi proferida pelo juiz Márcio Luigi Teixeira Pinto na terça-feira (10) atendendo a um pedido do Ministério Público de São Paulo (MP-SP).
O MP-SP alegou que a obra, executada pela construtora Álya (antiga Queiroz Galvão), causa danos ambientais e urbanísticos, configurando atos de improbidade administrativa. A principal denúncia se refere à destruição de um corredor verde na região, com a derrubada de 172 árvores, conforme confirmado pela Prefeitura de São Paulo. Vídeos que circularam nas redes sociais mostram a remoção de árvores, inclusive algumas com ninhos de aves, sem os devidos cuidados.
A comunidade, representada pelo coletivo Salvem a Sena Madureira e outros ativistas, realizou protestos por vários dias contra a obra, denunciando, além dos danos ambientais, a remoção de mais de 200 famílias de baixa renda das comunidades Souza Ramos e Luiz Alves. Essa área é classificada pela prefeitura como Zona Especial de Interesse Social (ZEIS), destinada a populações de baixa renda, sendo que estas comunidades residem na região desde 1945.
A construtora Álya, em seu site, destaca que os dois túneis, com um total de 1,6 km, irão melhorar a mobilidade entre os bairros de Vila Mariana, Ipiranga, Itaim Bibi e Morumbi, reduzindo congestionamentos e poluição. A empresa estima benefícios para aproximadamente 818 mil pessoas. No entanto, críticos argumentam que o projeto favorece a especulação imobiliária nesses bairros de classe média e alta, uma vez que a verticalização em São Paulo está em crescimento acelerado, devendo atingir um número recorde em 2024, com 818 empreendimentos e cerca de 150 mil apartamentos, segundo dados da Lello, empresa imobiliária de grande porte.
A Agência Brasil contatou a construtora Álya para obter um posicionamento sobre a liminar, aguardando resposta.
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