A 99ª edição da tradicional Corrida Internacional de São Silvestre, um dos eventos esportivos mais emblemáticos do Brasil, promete agitar as ruas de São Paulo com um número recorde de participantes. Com mais de 37,5 mil inscritos, incluindo um expressivo contingente feminino, a corrida deste ano consolida sua posição como um marco no calendário esportivo nacional.
Idealizada pelo jornalista Cásper Líbero e realizada pela primeira vez em 31 de dezembro de 1925, a prova só foi interrompida em 2020 devido à pandemia de Covid-19. Em 2024, a corrida não apenas retorna com força total, mas também celebra um crescimento significativo na participação feminina, com 14.625 mulheres inscritas, um aumento de 2% em relação ao ano anterior. Atletas de 40 países diferentes também estarão presentes, demonstrando o alcance global do evento.
Entre as corredoras de elite, a brasileira Kleidiane Barbosa Jardim, que conquistou o sétimo lugar em 2023, expressou seu otimismo em busca do pódio: “Minha expectativa é de que eu seja melhor do que em 2023”, declarou em coletiva de imprensa. Além dela, outras atletas brasileiras de destaque, como Núbia de Oliveira Silva e Mirela Saturnino de Andrade, também competirão. No entanto, o desafio para as brasileiras será grande, já que a última vitória do país na categoria feminina ocorreu em 2006, com Lucélia Peres.
Nubia de Oliveira Silva, campeã da Asics Golden Run SP, demonstrou confiança na possibilidade de quebrar o jejum: “Cheguei aqui com grande expectativa, fiz uma ótima preparação e vamos buscar [a vitória]. Eu acredito muito que é possível. É possível o pódio, é possível sim ser a melhor brasileira. E vou lutar com todas as minhas forças”.
As principais adversárias das brasileiras são as quenianas, que dominaram a prova nas últimas 15 edições, com 12 vitórias. Neste ano, os destaques do Quênia são Agnes Keino, Cynthia Chemweno, Salome Chepchumba, Vivian Kemboi e Viola Kosgei. Cynthia, em entrevista, afirmou: “Espero correr bem. Estou preparada e imagino que vai correr tudo bem”, enquanto Agnes complementou: “Estou forte e espero fazer o melhor”.
A falta de incentivo no esporte brasileiro é um ponto crucial que pode justificar a ausência de pódios do país. Segundo Kleidiane, “É preciso trazer mais o público feminino para as provas, incentivar mais”. Mirela, por sua vez, enfatizou a importância do esporte como ferramenta de transformação social: “Quem sabe de onde eu vim, sabe o que eu hoje me tornei através do esporte. Foi o esporte que me salvou. Eu usei o esporte como terapia”. E acrescentou: “Não é só pela medalha, pelo dinheiro. Mas para vencer na vida”.
No masculino, a hegemonia africana também é evidente. O Quênia lidera com 17 vitórias desde 1992, mas Etiópia e Uganda têm se destacado, conquistando seis das últimas dez edições. O último brasileiro a vencer a São Silvestre foi Marilson Gomes dos Santos, em 2010. Para 2024, o país aposta em Fabio de Jesus Correia, Ederson Vilela e Johnatas de Oliveira Cruz, que afirmaram estar com grande expectativa para a prova.
Ederson Vilela, bicampeão da Maratona de Curitiba, ressaltou sua preparação: “Fui o melhor brasileiro colocado na Maratona do Rio e na Maratona de São Paulo. E chego aqui com a minha melhor preparação. Muito focado”. Fábio de Jesus Correia também expressou confiança: “Estou confiante para fazer uma boa prova. Vamos buscar quem sabe uma boa colocação”. Já Johnatas de Oliveira Cruz adicionou: “Estou na minha melhor preparação, na minha melhor fase. A gente vai tentar colocar isso em prática neste ano e tentar fazer uma boa prova”.
A prova, segundo os atletas, é muito desafiadora devido às variações de terreno. “A São Silvestre é uma prova muito desafiadora. Começa muito rápido e, no final, é a subida, que é onde vai decidir [o pódio]”, observou Fábio. Johnatas complementou: “A preparação para São Silvestre demanda essas três fases. Você tem que treinar tanto descida, segurar também o ritmo na metade da prova e depois também vai demandar muita força, que é a parte final da prova”.
Uma crítica feita pelos atletas brasileiros é a falta de cultura de treinos em grupo no país. Fabio destacou que “Hoje em dia, um treina de um lado, outro treina de outro lado e não tem aquela união. Isso ia ajudar bastante”, enquanto Johnatas argumentou que a “preparação deles e o nível técnico deles acabam se sobressaindo porque o trabalho em grupo faz toda a diferença”.
A corrida terá início às 7h25 com a categoria Cadeirantes, seguida pela elite feminina às 7h40 e pela elite masculina às 8h05. O percurso de 15 km, que se mantém desde 1991 com pequenas modificações, partirá da Avenida Paulista, número 2084, e finalizará em frente ao prédio da Fundação Cásper Líbero, também na Avenida Paulista, número 900.
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