Uma pesquisa recente revela que pais e responsáveis estão cada vez mais preocupados com a qualidade da educação oferecida nas escolas públicas brasileiras. Um terço das famílias acredita que seus filhos não estão aprendendo o esperado para a idade. Esse cenário, aliado à falta de infraestrutura em muitas escolas, acende um alerta sobre a necessidade urgente de melhorias no sistema educacional.
O estudo, intitulado *Opinião das Famílias: Percepções e Contribuições para a Educação Municipal*, conduzido pelo Instituto Datafolha e encomendado pela Fundação Itaú e pelo Todos Pela Educação, ouviu 4.969 pais ou responsáveis por estudantes de 6 a 18 anos em escolas municipais. Os resultados indicam que 91% dos entrevistados consideram essencial fortalecer o ensino de matemática, além de apoiarem a inclusão de atividades artísticas, esportivas e culturais e temas sobre diversidade étnico-racial.
A preocupação com o abandono escolar também é expressiva: 51% dos entrevistados concordam que muitos estudantes estão abandonando a escola, percentual que sobe para 57% entre os responsáveis por alunos do 6º ao 9º ano. A coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Natália Fregonesi, aponta que os dados demonstram uma percepção da sociedade de que a educação precisa melhorar e que é crucial investir e dar prioridade política ao setor.
A qualidade do aprendizado é outro ponto de atenção. Entre os responsáveis por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, 36% não acreditam que seus filhos estão adquirindo o conhecimento esperado. Esse número aumenta para 41% quando se trata dos anos finais do ensino fundamental. A pesquisa também destaca que 91% acreditam que é necessário fortalecer o ensino de matemática nos currículos escolares, o que reflete a percepção das famílias sobre as dificuldades enfrentadas pelos estudantes.
Uma pesquisa internacional recente, o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), expôs que mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não domina conhecimentos básicos de matemática. De acordo com os resultados, esses estudantes estão abaixo do nível considerado baixo. Isso significa, por exemplo, que muitos alunos do 4º ano não são capazes de resolver problemas simples de soma ou identificar que plantas precisam de luz para sobreviver.
Escolas em tempo integral e infraestrutura
A expansão do número de escolas em tempo integral surge como uma das principais prioridades para as próximas gestões municipais na área da educação, sendo apontada por 30% dos entrevistados. Além de atividades curriculares regulares, o modelo oferece a oportunidade de oferecer mais atividades complementares e momentos de reforço em áreas como matemática.
O governo federal lançou o Programa Educação em Tempo Integral, em 2023, com o objetivo de aumentar as matrículas para jornadas de 7 horas ou mais diárias, com repasse de recursos e assistência técnica a estados e municípios. A meta é alcançar 3,2 milhões de matrículas até 2026.
Outras prioridades incluem a melhoria da infraestrutura escolar (20%), as condições de trabalho dos professores (17%) e o investimento na alfabetização (17%). As melhorias de infraestrutura são mais urgentes nas regiões Norte (23%) e Nordeste (26%).
Valorização dos professores
A pesquisa revela que as famílias reconhecem os professores como essenciais para a aprendizagem. 70% dos pais e responsáveis relataram que seus filhos se sentem acolhidos pelos docentes. Além disso, 86% concordam que o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e a formação dos professores são cruciais para melhorar a educação.
Desigualdade no acesso à água e saneamento básico
Outro estudo, *Água e Saneamento nas Escolas Brasileiras: Indicadores de Desigualdade Racial a partir do Censo Escolar*, divulgado pelo Instituto de Água e Saneamento e pelo Centro de Estudos e Dados sobre Desigualdades Raciais (Cedra), expõe a profunda desigualdade racial no acesso à infraestrutura básica nas escolas. Cerca de 1,4 milhão de estudantes estão matriculados em escolas públicas sem água tratada, sendo a maioria deles negros. A pesquisa revela que a chance de um aluno estar em uma escola predominantemente negra sem água potável é sete vezes maior do que em uma escola predominantemente branca. Do total de 1,2 milhão de estudantes sem acesso básico à água, 768,6 mil estão em escolas predominantemente negras.
Marcelo Tragtenberg, conselheiro do Cedra, explica que a falta de água tratada impacta a saúde e o aprendizado dos alunos. O estudo também aponta que 5,5 milhões de estudantes frequentam escolas sem abastecimento de água pela rede pública e que 52,3% dos alunos matriculados em escolas predominantemente negras lidam com a falta de pelo menos um serviço de saneamento, enquanto esse número cai para 16,3% em escolas predominantemente brancas.
Além disso, 14,1 milhões de estudantes frequentam escolas sem conexão à rede pública de esgoto e 440 mil estão em escolas sem banheiro. A falta de coleta de lixo afeta 2,15 milhões de alunos.
O estudo também destaca a baixa cobertura de serviços de saneamento em escolas indígenas, onde 60% dos alunos não têm abastecimento de água e 81,8% não têm esgoto. O professor Tragtenberg ressalta que é necessário considerar as desigualdades raciais e regionais nas políticas públicas, pois a falta de equidade racial pode privilegiar as escolas e os estudantes mais ricos.
A falta de saneamento básico não afeta apenas as escolas, mas também milhões de pessoas que não têm acesso a água tratada e esgoto em suas residências, o que evidencia a necessidade de políticas públicas abrangentes para solucionar esses problemas. Uma questão que também impacta a análise é que 25,5% dos estudantes não tiveram sua cor ou raça declarada no censo escolar de 2023, dificultando a identificação de lacunas e necessidades específicas.
O estudo também aponta que 5,5 milhões de estudantes frequentam escolas sem abastecimento de água pela rede pública e que 52,3% dos alunos matriculados em escolas predominantemente negras lidam com a falta de pelo menos um serviço de saneamento, enquanto esse número cai para 16,3% em escolas predominantemente brancas.
A pesquisa também revela que as famílias reconhecem os professores como essenciais para a aprendizagem. 70% dos pais e responsáveis relataram que seus filhos se sentem acolhidos pelos docentes. Além disso, 86% concordam que o acompanhamento do desenvolvimento dos alunos e a formação dos professores são cruciais para melhorar a educação.
A expansão do número de escolas em tempo integral surge como uma das principais prioridades para as próximas gestões municipais na área da educação, sendo apontada por 30% dos entrevistados. Além de atividades curriculares regulares, o modelo oferece a oportunidade de oferecer mais atividades complementares e momentos de reforço em áreas como matemática.
A pesquisa revela que 91% dos entrevistados consideram essencial fortalecer o ensino de matemática, além de apoiarem a inclusão de atividades artísticas, esportivas e culturais e temas sobre diversidade étnico-racial.
51% dos entrevistados concordam que muitos estudantes estão abandonando a escola, percentual que sobe para 57% entre os responsáveis por alunos do 6º ao 9º ano. A coordenadora de Políticas Educacionais do Todos Pela Educação, Natália Fregonesi, aponta que os dados demonstram uma percepção da sociedade de que a educação precisa melhorar e que é crucial investir e dar prioridade política ao setor.
O governo federal lançou o Programa Educação em Tempo Integral, em 2023, com o objetivo de aumentar as matrículas para jornadas de 7 horas ou mais diárias, com repasse de recursos e assistência técnica a estados e municípios. A meta é alcançar 3,2 milhões de matrículas até 2026.
Outras prioridades incluem a melhoria da infraestrutura escolar (20%), as condições de trabalho dos professores (17%) e o investimento na alfabetização (17%). As melhorias de infraestrutura são mais urgentes nas regiões Norte (23%) e Nordeste (26%).
Entre os responsáveis por estudantes dos anos iniciais do ensino fundamental, 36% não acreditam que seus filhos estão adquirindo o conhecimento esperado. Esse número aumenta para 41% quando se trata dos anos finais do ensino fundamental. A pesquisa também destaca que 91% acreditam que é necessário fortalecer o ensino de matemática nos currículos escolares, o que reflete a percepção das famílias sobre as dificuldades enfrentadas pelos estudantes.
Uma pesquisa internacional recente, o Estudo Internacional de Tendências em Matemática e Ciências (Timss), expôs que mais da metade dos estudantes brasileiros do ensino fundamental não domina conhecimentos básicos de matemática. De acordo com os resultados, esses estudantes estão abaixo do nível considerado baixo. Isso significa, por exemplo, que muitos alunos do 4º ano não são capazes de resolver problemas simples de soma ou identificar que plantas precisam de luz para sobreviver.
Cerca de 1,4 milhão de estudantes estão matriculados em escolas públicas sem água tratada, sendo a maioria deles negros. A pesquisa revela que a chance de um aluno estar em uma escola predominantemente negra sem água potável é sete vezes maior do que em uma escola predominantemente branca. Do total de 1,2 milhão de estudantes sem acesso básico à água, 768,6 mil estão em escolas predominantemente negras.
O estudo também destaca a baixa cobertura de serviços de saneamento em escolas indígenas, onde 60% dos alunos não têm abastecimento de água e 81,8% não têm esgoto. O professor Tragtenberg ressalta que é necessário considerar as desigualdades raciais e regionais nas políticas públicas, pois a falta de equidade racial pode privilegiar as escolas e os estudantes mais ricos.
Marcelo Tragtenberg, conselheiro do Cedra, explica que a falta de água tratada impacta a saúde e o aprendizado dos alunos.
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