O Instituto Aço Brasil (IAB) e a Associação Brasileira do Alumínio (Abal) se manifestaram sobre a decisão do governo dos Estados Unidos de impor uma tarifa de 25% sobre as importações de aço e alumínio. A medida reativa uma taxação semelhante implementada em 2018 e posteriormente negociada entre os dois países.
Aço
O IAB defende a retomada das negociações com os EUA para restabelecer os termos do acordo de 2018, que definiu cotas de exportação de 3,5 milhões de toneladas de semiacabados e placas e 687 mil toneladas de laminados para o mercado norte-americano. O instituto argumenta que a tarifa de 25% prejudica ambos os países e destaca o histórico de parceria comercial, com um fluxo de US$ 7,6 bilhões em comércio de carvão, aço, máquinas e equipamentos, favorável aos EUA em US$ 3 bilhões.
Alumínio
A Abal demonstra preocupação com o impacto da nova tarifa, questionando se ela se somará à sobretaxa existente de 10% ou a substituirá. A associação prevê dificuldades de acesso ao mercado americano, mesmo com a qualidade e sustentabilidade do alumínio brasileiro, e alerta para o risco de desvio de comércio e concorrência desleal, com produtos de outras origens buscando novos destinos, incluindo o Brasil, após perderem espaço nos EUA. A Abal defende o reforço dos mecanismos de defesa comercial e a revisão da política tarifária brasileira para proteger a indústria nacional.
Reações e Impactos Regionais
Representantes de Minas Gerais, importante exportador de produtos siderúrgicos, e São Paulo, também expressaram suas perspectivas sobre a situação. A Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), apesar de reconhecer o potencial impacto negativo, considera que a taxação generalizada pode equilibrar a concorrência, especialmente porque o Brasil fornece produtos semielaborados utilizados pela indústria americana. Já a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) lamenta a decisão, destacando que o Brasil representa 15% das importações americanas de siderúrgicos e que o histórico de superávit comercial americano com o Brasil nas últimas duas décadas demonstra que o país não representa uma ameaça comercial. A Fiesp espera uma solução rápida, baseada nas regras internacionais de comércio.
Governo Brasileiro
O Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou a medida americana, classificando-a como contraproducente e prejudicial à dinâmica do comércio internacional. Haddad afirmou que o Brasil acompanhará os desdobramentos e buscará diálogo, lembrando que, em 2018, Trump recuou de tarifa semelhante. O governo brasileiro observa as reações de outros países afetados, como México, Canadá e China, antes de definir suas ações, descartando, por enquanto, retaliações.
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, defendeu cautela e lembrou a resolução da situação similar em 2018 por meio de cotas. Alckmin reforçou a postura de colaboração e parceria com os EUA. O governo prioriza o diálogo e a proteção da competitividade da indústria nacional em eventuais negociações.
A nova taxação, justificada por Trump como forma de fortalecer a indústria americana, repete estratégia de seu primeiro mandato, com potencial impacto em diversos parceiros comerciais dos EUA. Especialistas alertam para consequências negativas, apesar da reversão de algumas restrições anteriores. O governo brasileiro segue monitorando o cenário internacional.
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