A mais recente edição do Relatório Focus, divulgada nesta segunda-feira, 17 de março de 2025, apresenta ligeiras alterações nas projeções para o cenário econômico brasileiro. As estimativas para o dólar e o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025 sofreram pequenos ajustes para baixo, enquanto a taxa Selic e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) permaneceram relativamente estáveis.
A mediana das projeções para a cotação do dólar no final de 2025 recuou de R$ 5,99 para R$ 5,98. Para os anos seguintes, as estimativas permaneceram estáveis: R$ 6,00 para 2026 e R$ 5,90 para 2027 e 2028.
É importante ressaltar que a projeção anual de câmbio publicada no Focus é calculada com base na média da taxa no mês de dezembro, e não mais no valor projetado para o último dia útil de cada ano, metodologia utilizada até 2020.
PIB: crescimento econômico tem leve redução nas expectativas
A projeção para o crescimento do PIB brasileiro em 2025 também apresentou um leve ajuste negativo, passando de 2,01% para 1,99%. A estimativa para 2026 recuou de 1,70% para 1,60%. Para 2027 e 2028, as medianas permaneceram em 2,0%.
O PIB brasileiro registrou um crescimento de 0,2% no quarto trimestre do ano anterior e um acumulado de 3,4% em 2024. O carrego estatístico para 2025 é positivo em 0,8%. É importante considerar a desaceleração do PIB no 4º trimestre de 2024 ao analisar as perspectivas futuras.
O Banco Central, por sua vez, projeta um crescimento de 2,10% para a economia brasileira em 2025, conforme o mais recente Relatório Trimestral de Inflação (RTI).
Taxa Selic: expectativas de estabilidade no curto prazo
A mediana das projeções para a taxa Selic no final de 2025 se manteve em 15%, às vésperas da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) desta quarta-feira, 19 de março. No encontro de janeiro, o Copom elevou os juros em 1 ponto percentual e sinalizou uma nova elevação da mesma magnitude em março, levando a Selic de 13,25% para 14,25%.
As estimativas para a Selic no final de 2026, 2027 e 2028 também permaneceram estáveis, em 12,50%, 10,50% e 10,0%, respectivamente.
IPCA: inflação ainda acima da meta em 2025
A mediana das projeções para o IPCA de 2025 recuou ligeiramente, de 5,68% para 5,66%. No entanto, a estimativa ainda se encontra 1,16 ponto percentual acima do teto da meta de inflação, que é de 4,50%. Essa projeção se alinha com o que foi apontado no Boletim Focus anterior, que já indicava uma elevação da inflação.
As projeções para o IPCA em 2026, 2027 e 2028 são de 4,48%, 4,0% e 3,78%, respectivamente.
O Copom, em sua última reunião, avaliou que o cenário para a inflação de curto prazo é adverso, com destaque para a alta dos preços de alimentos e a pressão sobre os bens industriais devido ao câmbio. Inclusive, o governo investiga suposta manipulação no preço do ovo, o que demonstra a preocupação com a inflação dos alimentos.
Cenário internacional: Incertezas com a nova administração nos EUA
O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE), Luis De Guindos, comentou sobre o impacto da nova administração do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na economia global. Segundo ele, a chegada de Trump aumentou a incerteza sobre a evolução econômica mundial, devido às políticas relacionadas a tarifas, regulação bancária e de fundos.
Guindos também ressaltou a importância de aumentar os gastos com defesa na Europa, diante da incerteza sobre a proteção dos EUA em relação à Ucrânia, defendendo a sustentabilidade fiscal para evitar aumentos nas taxas de juro.
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