Em um dia de notícias contrastantes no cenário econômico, a Justiça do Rio de Janeiro decretou a falência da tradicional rede de lojas de departamento Leader, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, assegurou que o Brasil possui mecanismos de proteção robustos contra instabilidades externas.
Falência da Leader
A decisão judicial que decreta a falência das empresas do Grupo Leader foi motivada pelo não cumprimento das obrigações estabelecidas no plano de recuperação judicial. O plano havia sido aprovado em maio de 2021, em um momento em que a dívida da empresa já somava R$ 1,2 bilhão.
O juiz Leonardo de Castro Gomes, da 3ª Vara Empresarial da Capital, enfatizou em sua decisão a inviabilidade econômica da empresa, apesar das oportunidades concedidas durante o processo de recuperação. "O que se vê nestes autos é que todo o fôlego judicialmente concedido à requerente foi em vão, não se podendo mais permitir que ela permaneça sob a chancela judicial a praticar atos econômicos desordenadamente no mercado, criando prejuízos que podem afetar a credibilidade dos sistemas judicial e econômico", afirmou o juiz.
Fundado em 1951 em Miracema, RJ, o Grupo Leader expandiu-se significativamente, chegando a operar 104 lojas em diversos estados, incluindo Rio de Janeiro, Alagoas, Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pernambuco, Rio Grande do Norte, São Paulo e Sergipe.
Até o momento, a empresa não se manifestou sobre a decisão judicial.
Brasil Blindado Contra Crises, Segundo Haddad
Em São Paulo, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, buscou tranquilizar o mercado, afirmando que o Brasil está preparado para enfrentar as turbulências econômicas globais. Segundo Haddad, o país dispõe de um "colchão de proteção" composto por reservas cambiais robustas, um saldo comercial positivo e uma supersafra. Essa proteção pode ser importante, considerando que o setor de serviços apresenta crescimento e é fundamental manter a economia equilibrada.
“Está em curso um movimento que nós precisamos ver como é que vai terminar. Mas assim como em outras crises, como em 2008, quando vivemos uma enorme crise financeira, o Brasil agora tem de US$ 75 bilhões a US$ 95 bilhões de saldo comercial. O Brasil tem mais de US$ 300 bilhões de reservas cambiais”, detalhou Haddad.
O ministro destacou que a diversificação do comércio exterior brasileiro e o fato de o país não possuir dívida externa são fatores que contribuem para essa resiliência. Especialmente com o comércio brasileiro atingindo novos recordes, essa diversificação se mostra crucial. Além disso, Haddad vislumbra que o cenário global pode acelerar o acordo do Mercosul com a União Europeia.
“O Brasil, na minha opinião, tem uma posição privilegiada em virtude do fato de que aumentam as suas exportações para os três grandes blocos econômicos. Nós exportamos mais para os Estados Unidos, para a União Europeia e para a China. Temos um acordo de livre comércio firmado com a União Europeia que, na minha opinião, vai ser acelerado em função do que aconteceu”, disse.
Apesar de admitir que o Produto Interno Bruto (PIB) possa ser afetado pelo contexto econômico internacional, Haddad mantém a expectativa de que a economia brasileira crescerá 2,5% este ano, com a inflação retornando a patamares mais adequados. O ministro ainda comentou sobre a possibilidade de isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil, um tema amplamente discutido.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.
