Economia

Juros futuros recuam em meio a alívio do dólar e expectativas sobre Trump

Em sessão marcada por volatilidade, os juros futuros apresentaram recuo nas taxas até os vencimentos intermediários nesta segunda-feira (10). O movimento foi impulsionado pela queda do dólar e pela relativa estabilidade dos Treasuries, permitindo que o mercado absorvesse parte dos prêmios acumulados na semana anterior. Este cenário se desenvolveu apesar das preocupações com o possível anúncio de tarifas de importação sobre aço e alumínio pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e da piora nas expectativas de inflação divulgadas no Boletim Focus.

Especificamente, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 fechou em 14,97%, uma redução em relação aos 15,04% da sexta-feira. Da mesma forma, o DI para janeiro de 2027 diminuiu de 15,21% para 15,16%. Em contrapartida, o DI para janeiro de 2029 apresentou uma leve alta, encerrando a sessão com uma taxa de 14,88%, marginalmente acima dos 14,87% do último ajuste.

Ameaças de Trump e reações do mercado

O mercado inicialmente reagiu com cautela ao anúncio de Trump de que poderia impor uma taxa de 25% sobre as importações de aço e alumínio. Essa notícia gerou um estresse inicial, impulsionando o dólar para cima e, consequentemente, afetando a curva de juros. Trump também acenou com a possibilidade de anunciar tarifas recíprocas contra países que se beneficiam injustamente dos Estados Unidos.

Contudo, ao longo do dia, essa pressão diminuiu à medida que o mercado passou a interpretar a retórica de Trump como uma estratégia de negociação. Governos do Brasil e do México manifestaram prontidão para responder, mas indicaram que só se posicionariam caso a ameaça se concretizasse. Até o momento, a medida não foi oficializada. A propósito, Lula avalia imposto sobre Google e Amazon em retaliação a Trump em uma possível resposta a essas tarifas.

Influência do câmbio e expectativas de inflação

O dólar inverteu a trajetória e passou a cair durante a manhã, impulsionado pela valorização das commodities. Esse movimento abriu espaço para uma correção nas taxas de juros. A moeda americana é considerada um fator crucial nas expectativas de inflação. Segundo Luciano Rostagno, estrategista-chefe da EPS Investimentos, o câmbio é uma preocupação para diversos preços, especialmente os de alimentos, e qualquer alívio é bem-vindo. No fechamento, o dólar estava cotado a R$ 5,7860.

Rostagno acredita que a margem para grandes oscilações nos DIs de curto prazo é limitada, uma vez que o Comitê de Política Monetária (Copom) já sinalizou uma elevação da Selic em 100 pontos-base na próxima reunião. Persiste a incerteza sobre até onde esse ciclo de aperto monetário irá. O Banco Central tem evitado dar muitas indicações, devido às incertezas no cenário, incluindo as possíveis tarifas de Trump. O mercado precificava um aumento de 106 pontos-base para a Selic no Copom de março e 60 pontos-base na reunião de maio, com a projeção para o fim do ano em 15,72%.

Além das turbulências externas, o quadro fiscal brasileiro instável também limita o alívio nos prêmios de longo prazo. A Economistade um possível reajuste no valor do Bolsa Família, negado pela Casa Civil, adicionou ruídos ao cenário. De acordo com Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, tal medida representaria mais pressão sobre o endividamento público, dificultando o trabalho do Banco Central para trazer a inflação para a meta. Soma-se a isso a demora na tramitação do pacote de ajuste fiscal proposto pelo Governo Federal, que ainda não tem perspectivas de aprovação no Congresso.

O Boletim Focus divulgou uma nova rodada de deterioração nas medianas de inflação. A expectativa suavizada para 12 meses subiu de 5,74% para 5,87%, enquanto a de 2025 aumentou de 5,51% para 5,58%. Para 2026, a projeção avançou de 4,28% para 4,30%. A meta de inflação contínua é de 3%, com uma margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. As projeções para a Selic no fim de 2025 (15,00%) e fim de 2026 (12,50%) permaneceram inalteradas.

 

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Brunna Mendes

Gestão Hospitalar (UFRN), 28 primaveras, sagitariana e apaixonada por uma boa leitura, séries, filmes e Netflix.

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