Aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) estão no centro de um escândalo bilionário que envolve cobranças irregulares diretamente nos benefícios. Segundo investigação conduzida pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU), um esquema articulado por associações fantasmas pode ter desviado até R$ 6,3 bilhões entre os anos de 2019 e 2024.
Os valores eram descontados mensalmente como se fossem referentes a mensalidades associativas, mas a maioria das vítimas jamais autorizou essas cobranças. O ministro da CGU, Vinícius de Carvalho, explicou:
“A maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas”.
🕵️ Como funcionava a fraude?
Segundo a investigação, associações utilizavam documentos falsificados para registrar aposentados e pensionistas como membros, oferecendo supostos serviços como assistência jurídica, descontos em academias e planos de saúde. Contudo, em 72% dos casos analisados, não havia sequer documentação mínima enviada ao INSS para autorizar os descontos. As vítimas, em geral, descobriam tardiamente que estavam sendo lesadas, ao consultar seus extratos.
O esquema foi desmantelado em uma operação deflagrada em 13 estados e no Distrito Federal, com 211 mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos carros de luxo, dinheiro vivo, joias e obras de arte. Até o momento, cinco pessoas foram presas, ligadas a organizações associativas de Sergipe, e seis agentes públicos foram afastados cautelarmente.
📋 Como saber se você teve descontos irregulares no benefício do INSS?
Você pode verificar se está sendo vítima de cobranças indevidas por meio do extrato do INSS. Veja como fazer isso:
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Acesse o site oficial: Meu INSS
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Clique em “Entrar com gov.br” e informe seu CPF e senha
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No menu, selecione “Extrato de Pagamento” (também chamado de Extrato de Benefício)
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Clique no número do seu benefício
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Verifique se existem descontos de mensalidades associativas que você não reconhece
Esses valores costumam estar identificados como descontos de entidades ou associações, muitas vezes camuflados no meio de empréstimos consignados.
📲 Como cancelar as cobranças indevidas
Se você identificou um desconto que não reconhece ou não autorizou, é possível cancelar diretamente pelo app ou site do Meu INSS. Siga este passo a passo:
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Acesse o Meu INSS
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Faça login com CPF e senha do gov.br
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Clique em “Novo pedido”
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No campo de busca, digite “excluir mensalidade associativa”
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Escolha o serviço correspondente
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Leia as instruções e avance até finalizar
🚫 Como bloquear futuras cobranças
Além de excluir o desconto atual, é possível impedir que novas associações realizem cobranças. Para isso:
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Entre no Meu INSS
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No campo de pesquisa, digite “solicitar bloqueio ou desbloqueio de mensalidade”
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Clique na opção que aparece
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Siga os passos indicados na tela
💰 Como solicitar o reembolso de valores indevidos
Se você teve dinheiro retirado do seu benefício de forma irregular, é possível buscar ressarcimento. Veja como proceder:
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Verifique no contracheque o nome da entidade responsável e ligue para o 0800 informado
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Envie um e-mail para: acordo.mensalidade@inss.gov.br
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Registre uma reclamação na Ouvidoria do INSS
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Acesse o Meu INSS, busque “ressarcimento” e protocole seu pedido
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Ou vá pessoalmente a uma Agência da Previdência Social
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Acompanhe o andamento pelo app ou pelo número 135
⚠️ É importante guardar os comprovantes, números de protocolo e capturas de tela, pois podem ser exigidos em etapas futuras.
📅 Quando começaram as investigações?
De acordo com o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, os trabalhos começaram em 2023, quando a CGU identificou irregularidades administrativas. Em 2024, com o avanço das apurações, a Polícia Federal abriu 12 inquéritos.
“O que apuramos é que a maioria dessas pessoas não tinha autorizado esses descontos, que eram em sua maioria fraudados, em função de falsificação de assinaturas e de uma série de artifícios para simular essa que não era uma vontade real dessas pessoas”, completou Carvalho.
Com a deflagração da operação, o presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, foi exonerado do cargo. O governo ainda não anunciou oficialmente o substituto. O caso acendeu um alerta sobre a fragilidade do sistema de controle de descontos autorizados, que agora está sob reavaliação.
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