O mercado financeiro global reage com nervosismo às recentes medidas protecionistas do governo dos Estados Unidos, liderado por Donald Trump, e à resposta da China. Nesta sexta-feira (4), o dólar registrou forte alta, enquanto o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, despencou.
Por volta das 10h30, o dólar era cotado a R$ 5,75, impulsionado pelo anúncio de que a China retaliará as tarifas impostas pelos EUA. O Ibovespa, por sua vez, operava com queda de quase 3%, refletindo o clima de incerteza nos mercados internacionais. No fechamento do dia anterior, a moeda americana atingiu seu menor valor no ano, R$ 5,62.
As novas tarifas de Trump, que afetam principalmente a Ásia e o Oriente Médio, com taxas que ultrapassam 40% em alguns casos, geraram preocupações sobre o aumento dos preços de produtos e insumos nos EUA. A China, em resposta, anunciou tarifas de 34% sobre produtos americanos e novas restrições à exportação de terras raras, minerais essenciais para a produção de chips.
O temor do mercado é que essa escalada de tarifas leve a uma guerra comercial generalizada, com impactos negativos para o crescimento econômico global. Investidores temem que o aumento da inflação e a desaceleração da atividade econômica se espalhem por diversos países, inclusive as maiores economias do mundo.
Desempenho do mercado
Às 10h30, o dólar subia 2,08%, cotado a R$ 5,7458, atingindo a máxima de R$ 5,7546 no dia. O Ibovespa, no mesmo horário, caía 2,49%, aos 127.873 pontos.
Acumulado do Dólar:
- Queda de 2,28% na semana;
- Recuo de 1,35% no mês;
- Perda de 8,92% no ano.
Acumulado do Ibovespa:
- Queda de 0,58% na semana;
- Avanço de 0,67% no mês;
- Ganho de 9,03% no ano.
Reações globais e perspectivas
Lideranças de diversos países manifestaram preocupação com as tarifas de Trump. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, classificou as tarifas como um “duro golpe à economia mundial”, enquanto o chefe de Governo da Alemanha, Olaf Scholz, considerou as medidas “fundamentalmente erradas”. O presidente da França, Emmanuel Macron, sugeriu que empresas europeias suspendam investimentos nos EUA.
No Brasil, o Senado aprovou um projeto que autoriza o governo a retaliar países que imponham barreiras comerciais a produtos brasileiros.
Analistas do JPMorgan elevaram o risco de uma recessão global e nos EUA de 40% para 60%, com base nas tarifas recíprocas de Trump. A deterioração de indicadores de recessão, como a diferença entre os rendimentos dos Treasuries de três meses e seu rendimento esperado em 18 meses, também acende um alerta. Essa instabilidade pode influenciar o dólar, impactando o mercado financeiro como um todo.
Guy Miller, estrategista-chefe de mercado do Zurich Insurance Group, alerta que as tarifas podem levar ao aumento da inflação e à redução da renda real nos EUA, criando um ciclo vicioso perigoso. Além disso, o ouro atinge novas máximas históricas impulsionado, em parte, por essas tensões geopolíticas e pelas tarifas impostas pelos EUA.
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