O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil apresentou um crescimento tímido de 0,2% no quarto trimestre de 2024, confirmando a expectativa de um arrefecimento da atividade econômica e indicando um cenário de expansão mais moderada para 2025.
A Capital Economics revisou sua projeção de crescimento para o ano, de 2,3% para 1,8%, refletindo a preocupação com a desaceleração observada.
Fatores que contribuíram para a desaceleração:
- Consumo das famílias: Houve uma contração de 1% no consumo das famílias no último trimestre de 2024, contrastando com o crescimento superior a 1% nos trimestres anteriores.
- Investimentos: O crescimento do investimento também perdeu ritmo significativamente.
- Balança comercial: Uma forte queda nas exportações superou a retração das importações, impactando negativamente o desempenho econômico.
- Setor de serviços: Retração de 0,1% nos chamados outros serviços, que incluem bares e restaurantes, cabeleireiros e manicures, entre outros.
- Agropecuária: Desaceleração importante da pecuária e queda na produção de algumas culturas agrícolas importantes.
O economista da Rio Bravo, José Alfaix, destaca que a retração mais agressiva na demanda, influenciada pela política monetária, fortalece a convicção de que o Banco Central não precisará elevar os juros para além dos 15% já previstos. Rodolfo Margato, economista da XP Investimentos, ressaltou surpresas baixistas disseminadas no quarto trimestre.
Perspectivas para 2025
Apesar do cenário de desaceleração, alguns fatores podem impulsionar a atividade econômica em 2025:
- Reajuste do salário-mínimo acima da inflação.
- Liberação do saque aniversário do FGTS. O Governo liberou o saque do FGTS para optantes do saque-aniversário demitidos entre 2020 e 2025, o que pode injetar recursos na economia.
- Safra recorde de grãos prevista para 2025.
- Níveis elevados de emprego e renda.
Ainda assim, economistas como Igor Cadilhac, do PicPay, alertam que a combinação de inflação persistente, juros elevados e aperto das condições financeiras deve pesar sobre a atividade econômica, tornando a desaceleração inevitável. O PicPay projeta um crescimento de 1,6% para o PIB em 2025, com risco de estagnação ou recessão técnica. O IPCA-15 de fevereiro atingiu 1,23%, abaixo das expectativas do mercado, mas ainda exige cautela.
Leonardo Costa, economista do ASA, observou fraqueza em diversas atividades no quarto trimestre, com destaque para a queda da agropecuária e o crescimento tímido dos serviços. Ele projeta um crescimento de 1,5% para o PIB em 2025, com desaceleração mais forte na segunda metade do ano.
O Bradesco, em relatório, apontou que o ano de 2024 marcou uma aceleração dos investimentos em resposta ao forte aumento do consumo. Para 2025, o banco espera um crescimento de 1,9%, impulsionado pela safra agrícola e pelo aumento do salário-mínimo.
Claudia Moreno, economista do C6 Bank, destaca que o mercado de trabalho forte ajudou a impulsionar o PIB de 2024. Para 2025, o banco projeta uma desaceleração gradual do PIB. Vale ressaltar que a criação de vagas formais superou expectativas em janeiro, mas o Ibovespa reagiu negativamente, o que pode impactar o desempenho futuro.
Apesar da força demonstrada em 2024, com um crescimento de 3,4%, a economia brasileira enfrenta desafios que podem limitar seu desempenho em 2025. A atenção do mercado se volta agora para as medidas que o governo poderá implementar para estimular a atividade econômica e garantir um crescimento sustentável.
Quer receber as principais notícias do Portal N10 no seu WhatsApp? Clique aqui e entre no nosso canal oficial.