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Banco BMG prevê fim do ciclo de alta da Selic em maio, com aumento de 0,5 ponto percentual

O banco BMG projeta um crescimento de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, impulsionado principalmente pelo agronegócio, com um crescimento estimado de mais de 7% para o PIB agrícola.

O ciclo de aperto monetário no Brasil pode estar chegando ao fim. Essa é a avaliação do economista-chefe do banco BMG, Flávio Serrano. Em análise recente, Serrano projeta que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) deverá promover um aumento de 0,5 ponto percentual na taxa Selic já na reunião de maio. Esse ajuste, segundo o economista, encerraria o atual ciclo de elevações da taxa básica de juros.

Serrano fundamenta sua análise na compreensão de que as ações de política monetária do BC levam de 12 a 18 meses para surtir efeito completo na economia. Ele ressalta que grande parte do impacto do aumento dos juros sobre a atividade econômica ainda está por vir, em um cenário que já apresenta sinais de desaceleração. Inclusive, a última decisão do Copom de elevar a Selic para 14,25% ao ano, o maior patamar desde 2016, já está sendo sentida.

Outros fatores que contribuem para a visão de Serrano incluem:

  • O aumento do diferencial de juros, que pode se intensificar caso o Federal Reserve (Fed), o banco central dos Estados Unidos, opte por reduzir sua taxa de juros.
  • A expectativa de uma safra agrícola recorde, que deve impulsionar as exportações de grãos e, consequentemente, valorizar o real. 

Para Serrano, esses elementos combinados têm o potencial de desacelerar a inflação nos próximos meses. A alta inflação no café da manhã, com preços dos alimentos que disparam e pesam no bolso do brasileiro, por exemplo, pode ser contida.

Análise do comunicado do Copom

Em relação ao comunicado recente do Copom, Serrano avalia que o texto não apresentou grandes surpresas em relação ao que já era esperado pelo mercado. Ele destaca que as principais dúvidas giravam em torno da assimetria do balanço de riscos e da comunicação prospectiva sobre os próximos passos da política monetária.

Não diferiu muito do que a gente esperava. Havia dois pontos de dúvidas. A questão da assimetria do balanço de riscos e a da comunicação prospectiva, os próximos passos da política monetária. Tinha gente achando que seria deixado totalmente em aberto, não seria sinalizado. E tinha gente, como nós, que esperava sinalização de extensão do ciclo com ajuste de menor magnitude. Manteve a assimetria do balanço de riscos e sinalizou com ajuste de menor magnitude“, afirmou.

O economista do BMG ressalta que o comunicado do Copom se mostrou compatível com a precificação do mercado, que já indicava um aumento de 0,50 ponto percentual na próxima reunião como o cenário mais provável.

Fim do ciclo de alta, mesmo sem atingir a meta de inflação?

Questionado sobre a possibilidade de o ciclo de alta da Selic ser interrompido mesmo sem que a inflação atinja a meta estabelecida, Serrano se mostra confiante. Ele argumenta que o BC deverá absorver informações que indicarão uma desaceleração da atividade econômica, o que, por sua vez, contribuirá para o arrefecimento da inflação. “Sim, porque o BC vai absorver informações que gerarão confiança em relação à desaceleração da atividade. Ele já destacou que há um movimento neste sentido, ainda que incipiente. Esse processo, lá na frente, vai gerar também o arrefecimento da inflação“, explicou.

Serrano ressalta que o horizonte relevante do BC para a tomada de decisões já estará focado no quarto trimestre de 2026, e não mais no terceiro. Ele acredita que, com o passar do tempo, o cenário de convergência da inflação para patamares mais próximos de 3% se fortalecerá.

À medida que o tempo for passando, a gente vai ter o reforço do cenário de convergência na inflação para mais próximo de 3%. Atingir esse centro de meta no terceiro trimestre de 2026 não dá mais“, completou.

Impacto do câmbio e da safra recorde

O economista do BMG também comentou sobre o impacto do câmbio e da safra recorde na inflação. Ele reconhece que a valorização do real pode auxiliar no combate à inflação, mas pondera que a questão da defasagem e as incertezas sobre o nível de preços a serem alcançados com a Selic em torno de 15% são fatores a serem considerados.

É claro que o câmbio pode continuar valorizando, que podemos ter um choque positivo de preços de alimentos e outras coisas que influenciam a inflação. Mas tem também a questão da defasagem e das incertezas de que os preços chegarão ao nível que a gente acha com a Selic por volta de 15%. Mesmo que isso esteja errado, de julho não deve passar, será o fim do ciclo, afirmou.

Serrano também destacou a expectativa de uma safra recorde, que deve contribuir para a melhora da dinâmica de preços dos alimentos. “Tivemos alguns problemas mais localizados, como a carne no ano passado, o café, mais recentemente, e efeitos sazonais como os preços dos ovos. Mas a expectativa é de que a dinâmica de preços de alimentos seja melhor. A gente espera que, com a safra agrícola mais forte, com a passagem desses primeiros quatro meses do ano, as coisas melhorem um pouco“, disse.

Projeções para o futuro da economia

Em relação ao futuro da economia brasileira, Flávio Serrano prevê um cenário de desaceleração, com alguma piora na dinâmica do mercado de trabalho. Esse cenário, segundo ele, deve contribuir para a descompressão da inflação de serviços.

Vejo a economia desacelerando, alguma piora na dinâmica do mercado de trabalho, com o (índice) Caged menos forte e o desemprego subindo. Esse cenário acaba ajudando um pouco a inflação de serviços. Por isso esperamos alguma descompressão da inflação de serviços. Mas a descompressão maior será no ano que vem, porque tem essa inércia, herdada da inflação alta de agora“, explicou.

O banco BMG projeta um crescimento de 2% para o Produto Interno Bruto (PIB) em 2025, impulsionado principalmente pelo agronegócio, com um crescimento estimado de mais de 7% para o PIB agrícola. A previsão para a inflação é de 5,4% para este ano e 4% para o próximo. Serrano também arrisca uma projeção para o dólar, estimando que a moeda americana deve encerrar o ano em R$ 5,60.

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Brunna Mendes

Gestão Hospitalar (UFRN), 31 primaveras, sagitariana e apaixonada por uma boa leitura, séries, filmes e Netflix.

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