A necessidade de impulsionar a inovação tecnológica para agregar valor aos produtos amazônicos na própria região foi tema central de discussão na 34ª Conferência da Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec), realizada em São José dos Campos (SP), entre os dias 2 e 5 de dezembro de 2024.
Para Carlos Gabriel Koury, diretor de Inovação em Bioeconomia do Instituto de Conservação e Desenvolvimento Sustentável do Amazonas (Idesam), essa estratégia é crucial para gerar riqueza e, consequentemente, assegurar a preservação da floresta. Koury alertou para o fato de que atualmente, “Noventa por cento da agregação do valor do açaí é feita fora da Amazônia, então a gente só fica com a commodity e com os problemas”.
A situação da castanha-do-Pará ilustra a problemática: o Brasil lidera a produção mundial, mas detém apenas 5,71% da receita global gerada com esse produto. Segundo Koury, “Temos que assumir o compromisso de por a ciência e tecnologia para ser o elemento de resgate do destaque que já tivemos [com esse produto]. A gente perdeu a economia da borracha por falta de ciência e tecnologia”.
O evento também destacou a importância da valorização do conhecimento local para a conservação da floresta. Koury defendeu o fortalecimento de ecossistemas que permitam que tecnologias alimentem negócios comunitários e baseados no conhecimento, afirmando: “É preciso ter esse ecossistema de serviços e soluções gerando inclusão e agregação de valor na Amazônia”.
Como exemplo de sucesso, foram citadas as empresas Café Apuí e Amazônia Agroflorestal. A Café Apuí cultiva café orgânico e agroflorestal, enquanto a Amazônia Agroflorestal processa e embala o produto para venda direta ao consumidor. Esse modelo de parceria envolve mais de 100 famílias, gerando, segundo Koury, “Localmente, isso gera 3.000% a mais de renda para os atores [em relação à plantação tradicional e venda do produto in natura]”.
Sheila Pires, diretora de Inovação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, também participou do seminário, enfatizando a necessidade de as empresas inovadoras terem um propósito que extrapole o sucesso empresarial, adotando uma agenda de impacto socioambiental positivo. Ela observou que “Fico feliz de ver que muitas incubadoras e aceleradoras de empresas, inclusive parques tecnológicos, adotaram essa agenda”.
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