O anúncio do acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, após mais de duas décadas de negociações, gerou reações divergentes entre os países europeus. Enquanto alguns celebram a conclusão das tratativas, outros demonstram forte oposição, criando um cenário de divisão no bloco.
Alemanha e Espanha comemoram: A Alemanha, maior economia da zona euro, e a Espanha se manifestaram favoravelmente ao acordo. O primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, destacou a superação de um importante obstáculo e a criação de um mercado livre com mais de 700 milhões de pessoas, o que, segundo ele, proporcionará maior crescimento e competitividade. Pedro Sánchez, presidente espanhol, qualificou o acordo como histórico e afirmou que seu país trabalhará para sua aprovação no Conselho Europeu, declarando: “A abertura comercial com nossos irmãos latino-americanos nos fará – todos – mais prósperos e fortes”.
França e Polônia se opõem: Em contraponto, a França, pressionada por seus agricultores, manifestou oposição veemente ao acordo. A ministra de Comércio Exterior francesa, Sophie Primas, lembrou que a assinatura ainda não ocorreu e que a aprovação pelo Conselho Europeu e pelo Parlamento Europeu é necessária, afirmando: "A França lutará em cada passo do caminho ao lado dos estados membros que partilham da sua visão". A Polônia também se posicionou contra o acordo, com o primeiro-ministro Donald Tusk declarando nas redes sociais:
“Atualmente, a Polônia e a França são os países que dizem firmemente “não” ao acordo com o Mercosul. Para nós, o mais importante é que não entre em vigor. Ainda não temos a parcela mínima de votos para bloquear o acordo. Se tivéssemos a Itália do nosso lado, provavelmente teríamos essa maioria”.
Itália demonstra preocupação: A Itália também expressou reservas, principalmente devido à preocupação com o impacto no setor agrícola, segundo a agência de notícias italiana Ansa. O governo italiano avalia que ainda não há condições para a assinatura.
Próximos Passos e Risco de Bloqueio: O acordo ainda precisa de ratificação interna pelos países do Mercosul, além da aprovação pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia. A oposição de pelo menos quatro países membros da UE, representando 35% ou mais da população do bloco, pode impedir a sua entrada em vigor. Além disso, o texto precisa de revisões e traduções antes de sua finalização.
Outros países europeus apoiam o acordo: A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou o término das negociações como uma “vitória para a Europa”, lembrando que cerca de 60 mil empresas europeias exportam para o Mercosul, metade delas pequenas e médias empresas. Ela declarou:
“Num mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que as democracias podem apoiar-se umas às outras. Este acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política. Somos parceiros com mentalidades comuns, que têm raízes comuns”,
O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, também defendeu o acordo, esperando sua rápida confirmação pelo Parlamento Europeu e pelos estados membros, acreditando em benefícios para países, empresas e cidadãos. O ministro do Comércio sueco, Benjamin Dousa, afirmou que o acordo sempre teve o apoio da Suécia e representa uma vitória para o país, destacando:
“Fomos a âncora para um sim”, lembrou. “O comércio livre com grandes partes da América do Sul significa enormes oportunidades para as empresas suecas e também garante o nosso acesso a importantes matérias-primas e metais. Prevê-se agora que o nosso comércio com os países do Mercosul aumente entre 70 e 90 por cento”.
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