O acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia, anunciado em 06 de dezembro de 2024, após mais de duas décadas de negociações, enfrenta resistência significativa dentro do bloco europeu. Enquanto alguns países celebram o acordo como uma vitória histórica, outros expressam forte oposição, colocando em risco sua ratificação.
Apoio e Oposição no Bloco Europeu
A Alemanha, maior economia da zona euro, comemorou o fim das negociações. O primeiro-ministro Olaf Scholz destacou a criação de um mercado livre com mais de 700 milhões de pessoas, prometendo mais crescimento e competitividade. A Espanha também se mostrou favorável, com o presidente Pedro Sánchez chamando o acordo de “histórico” e afirmando que o país trabalhará pela sua aprovação no Conselho Europeu. Ele declarou: “A abertura comercial com nossos irmãos latino-americanos nos fará – todos – mais prósperos e fortes”.
Porém, a França se posicionou abertamente contra o acordo, atendendo à pressão de seus agricultores. A ministra de Comércio Exterior, Sophie Primas, declarou: "A França lutará em cada passo do caminho ao lado dos estados membros que partilham da sua visão", ressaltando que a assinatura ainda não ocorreu e que a aprovação do Conselho Europeu e do Parlamento Europeu é necessária.
A Polônia também manifestou sua oposição, com o primeiro-ministro Donald Tusk afirmando em suas redes sociais que o país busca impedir a entrada em vigor do acordo. Ele destacou: “Atualmente, a Polônia e a França são os países que dizem firmemente “não” ao acordo com o Mercosul. Para nós, o mais importante é que não entre em vigor. Ainda não temos a parcela mínima de votos para bloquear o acordo. Se tivéssemos a Itália do nosso lado, provavelmente teríamos essa maioria”.
A Itália também demonstra preocupações, especialmente em relação ao impacto no setor agrícola, segundo informações da agência de notícias italiana Ansa. O governo italiano considera que ainda não há condições para assinar o acordo.
Próximos Passos e Implicações
O acordo, além de necessitar de revisões e traduções, precisa de ratificação interna pelos países do Mercosul e aprovação pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho da União Europeia. A oposição de pelo menos quatro países-membros da UE, representando 35% ou mais da população do bloco, pode barrar o acordo.
Reações Favoráveis
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, celebrou o término das negociações como uma “vitória para a Europa”, lembrando que cerca de 60 mil empresas europeias exportam para o Mercosul, metade delas pequenas e médias empresas. Ela afirmou: “Num mundo cada vez mais conflituoso, demonstramos que as democracias podem apoiar-se umas às outras. Este acordo não é apenas uma oportunidade econômica, é uma necessidade política. Somos parceiros com mentalidades comuns, que têm raízes comuns”.
Portugal, por meio do presidente Marcelo Rebelo de Sousa, também demonstrou apoio, esperando uma rápida confirmação pelo Parlamento Europeu e pelos Estados-membros. A Suécia, através do ministro do Comércio, Benjamin Dousa, declarou que o acordo sempre teve apoio do país e que foi “âncora para um sim”, prevendo um aumento no comércio com os países do Mercosul entre 70% e 90%.
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