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Passageira filmada em avião pode processar mãe e receber indenização, dizem especialistas

O vídeo foi postado na conta da mãe da criança no TikTok. De acordo com especialistas consultadas pelo Portal N10, houve crime e a mãe deverá pagar indenização à passageira.

A gravação de um vídeo em que uma mãe tenta trocar de assentos dentro de um avião e confronta uma passageira tem gerado intensa repercussão nas redes sociais. Publicado originalmente no TikTok, o vídeo mostra a mãe pedindo para que Jeniffer Castro (@jeniffercastro), a passageira já sentada, cedesse seu lugar à janela para acomodar sua filha de 3 anos.

Ao ter o pedido recusado, a mãe iniciou uma discussão, acusando a mulher de falta de empatia e registrando sua reação sem autorização. A publicação rapidamente viralizou, atraindo milhões de visualizações, apoio massivo à passageira e críticas à postura da mãe.

A cena, que aconteceu na quarta-feira (4), chamou atenção de internautas e foi amplamente compartilhada por influenciadores e portais de notícias. No vídeo, a mãe diz: Ela não quer trocar de lugar. Até perguntei se ela tem alguma síndrome, alguma coisa. A pessoa não tem nada. Tô gravando a sua cara. Você não tem empatia com as pessoas, isso é repugnante. No século XXI, não tem empatia com as crianças. Jennifer, por sua vez, tentou evitar o confronto, usando fones de ouvido e virando o rosto para a janela.

Apesar da tentativa da mãe de buscar apoio nas redes, a repercussão foi majoritariamente contrária. “As pessoas confundem bastante a palavra empatia”, comentou um usuário. Outro ironizou: O mundo não vai girar em torno de nós. Após o episódio, a mãe bloqueou sua conta no TikTok, enquanto Jennifer viu o número de seguidores crescer no Instagram de forma assustadora: saiu dos poucos seguidores para cerca de 1,2 milhão.

Especialistas analisam possíveis implicações legais

Com a exposição crescente do caso, surgiram dúvidas sobre as consequências jurídicas. A reportagem do Portal N10 ouviu especialistas em Direito Aeronáutico e Direito Digital para entender se a passageira filmada poderia buscar reparação judicial.

De acordo com Marcial Sá, advogado especialista em Direito Aeronáutico e doutorando pela Universidade de Lisboa, a mãe não tinha o direito de exigir a troca de assentos. Pelo o que foi relatado nas redes sociais, a passageira parece ter comprado o assento preferencial da janela, e, neste caso, a única possibilidade de mudança de assento, seria em caso de se colocar em risco a segurança da aeronave e dos passageiros. Portanto, não há nenhuma determinação legal que imponha àquela passageira, que se negou a ceder o espaço à mãe com a criança, a mudança de assento contra a sua vontade, explica o advogado da Godke Law – Portugal.

Sá acrescenta que a situação é regulamentada pela Resolução nº 400 da ANAC e pelo Código Civil. Os contratos de transporte aéreo, incluindo a escolha de assentos diferenciados, são protegidos pela legislação. A mãe não poderia questionar esse direito, mesmo em nome da criança, reforça.

Por outro lado, o advogado destaca que a mãe pode enfrentar consequências legais pela gravação e publicação do vídeo. Para ele, houve crime e a mãe deverá pagar indenização à passageira. A passageira que filmou poderá responder criminalmente e civilmente, pela exposição indevida e não autorizada da imagem de terceiros, com base da Lei Geral de Proteção de Dados, o Código Civil, e Código Penal. Já a companhia aérea, por sua vez, não deverá sofrer qualquer tipo de penalização, seja civil ou penal, pelo ocorrido, uma vez que não deu causa ao fato, alerta.

Repercussões sociais e danos emocionais

Alexander Coelho, especialista em Direito Digital e sócio do Godke Advogados, também ressalta os riscos associados à viralização de vídeos que expõem pessoas sem consentimento. Pela LGPD, o uso indevido de dados pessoais, incluindo imagens, sem autorização prévia pode resultar em multas e processos judiciais. Além disso, a pessoa exposta, como foi o caso da passageira em questão, pode ou poderia sofrer consequências emocionais e sociais significativas, especialmente se o vídeo induzir julgamentos ou interpretações negativas sobre sua conduta, analisa.

O caso reabre o debate sobre privacidade em espaços públicos e limites de convivência em ambientes fechados, como aeronaves. Enquanto isso, Jeniffer Castro segue recebendo apoio nas redes sociais e pode avaliar as possibilidades de ação judicial contra a mãe.

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Rafael Nicácio

Co-fundador e redator do Portal N10, sou responsável pela administração e produção de conteúdo do site, consolidando mais de uma década de experiência em comunicação digital. Minha trajetória inclui passagens por assessorias de comunicação do Governo do Estado do Rio Grande do Norte (ASCOM) e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), onde atuei como estagiário. Desde 2013, trabalho diretamente com gestão de sites, colaborando na construção de portais de notícias e entretenimento. Atualmente, além de minhas atividades no Portal N10, também gerencio a página Dinastia Nerd, voltada para o público geek e de cultura pop. MTB Jornalista 0002472/RN E-mail para contato: [email protected]

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